vendredi, janvier 31, 2003

Bom... antes de assumir que meu blog será aqui e sempre aqui, quero mudar o template, e colocar todos os links, deixar com quase a mesma aparência que ele tinha no weblogger... por enquanto, estou ainda no Sem Bússola do Uóblogger...
eu mesma
não passo de uma pessoa apenas
e apenas quero ser uma pessoa sensata
mesmo com as trapaças das outras pessoas

ora,
eu mesma
me passo pra trás


Martha Medeiros, Poesia Reunida, L&PM editores

Estou poética. Melancólica e monstruosamente poética. Parafraseantemente (neologismo torpe) poética. A vida existe para ser reinventada. É o que tento, mas tem horas em que nos é exigido mais do que mera metaforização. Tem horas em que a violência é crua, é mais do que fruto criativo, é realidade mais que palpável, ainda que presente só nos olhos e nos atos das pessoas.

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Bem. Agora faço propaganda do Cápsula. Vão lá. O Cápsula é um e-zine que estreará em uns 15 dias (ou menos, ou mais), e para ser lido, precisa ser assinado gratuitamente, para ser recebido nos seus e-mails. O Cápsula será quinzenal, e não tem formato. Escreve-se sobre o que se quer e como se quer, inclusive aceitando livres constribuições textuais dos leitores. Que mais? Quem quiser dar uma olhadinha, vá em www.capsulazine.kit.net. :-)

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O Weblogger boicota a todos que têm urgência em escrever. Enfim. Não posso fazer nada. Escrevo independente de minhas possibilidades técnicas. Sonhei com beijos suaves. Há ocasiões em que odeio meus sonhos, e esta foi uma delas.
Não pára de chover há dias e dias. Hoje, se o dilúvio não me levar para cumprimentar Noé, vou assistir a Madame Satã no Posto 4.
A boa notícia é que minhas férias do coral acabaram, e fui quase que oficialmente admitida para o posto de mezzo-soprano, que é realmente o meu naipe, e o naipe no qual me encaixo melhor. Já na semana que vem temos uma apresentação, que será marcada por vários cantos indígenas. O que eu mais gosto é "Koi Tchangaré", que parece uma dança dos mortos vivos, mas na verdade é uma celebração antropofágica. Deveríamos, segundo a ótica de Zé Celso, estarmos todos nus, mas realmente vamos com nossas roupas de algodão cru, o que me alivia. Essa é minha segunda apresentação com o coro, primeira desde que meu pai morreu, ele que estava presente na primeira, e foi a última vez que eu o vi. Última e definitiva. Onde estarei daqui a seis meses?

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E voltei a "De profundis". Bom, como sei que tenho citado bastante Martha Medeiros, e tal... corro o risco de soar muito "copy&paste", mas coloco o trecho da carta de Wilde a Alfred Douglas que mais me impressionou até agora:
"Por trás da alegria e do riso pode esconder-se um temperamento grosseiro, áspero e insensível. Mas por trás do sofrimento há sempre mais sofrimento. Diferente do prazer, a dor não usa máscara".

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Ainda amargando essa nova e longuíssima ausência do uóblogger, o que certamente fará com que milhares de usuários que têm um pouco mais de paciência que eu migrem para o blogger.com.br e o blogspot, "posto" no meu ostracismo involuntário.
Por falta do que fazer, resolvi imitar a moça do despalavra, que imitou outra de outro blog do qual não lembro, para criar uma pequena lista (inútil, talvez) de "eu já":

Eu já fui assaltada duas vezes
Eu já assisti a um show de um ex-beatle (mesmo que tenha sido do Ringo)
Eu já tive uma despedida cinematográfica em uma estação de trem
Eu já fiz pedidos a uma estrela cadente
Eu já sonhei que beijava o Marlon Brando quando jovem
Eu já fui acusada de coisas que não fiz
Eu já acusei pessoas de coisas que não fizeram
Eu já tomei porre de Gold Strike
Eu já pintei um quadro
Eu já fumei haxixe
Eu já amei obsessivamente
Eu já colhi o que plantei
Eu já usei botas ortopédicas
Eu já viajei mais de 1000km por um beijo
Eu já cruzei o oceano para concretizar uma amizade
Eu já fugi de barata voadora
Eu já quebrei os dentes da frente
Eu já vi o enterro de um dos meus pais
Eu já fugi de responsabilidades
Eu já senti nos ombros o peso do mundo
Eu já fiz sexo com meninas (com meninos também)
Eu já chorei só pela beleza de uma música, ainda que ela não me trouxesse lembranças
Eu já chorei na frente de uma escultura do Rodin
Eu já pedi pra ficarem comigo
Eu já disse a alguém que não o amava
Eu já levei um tapa cinematográfico na cara
Eu já assisti a um show de sexo explícito
Eu já fui demitida
Eu já tive um tumor benigno
Eu já tive um apêndice
Eu já li Rimbaud em francês e Yeats em inglês.
Eu já vi o Canal da Mancha por cima
Eu já dormi mais de 24 horas
Eu já escrevi uma lista de "eu já".
É isso o que a minha raiva contra o Weblogger fez. Criar um blog aqui, que é mais difícil, mas pelo menos não tem esse enorme descaso para com seus usuários. Tudo bem que o Uóblogger é muito mais fácil de mexer, mas vou tentar me virar por aqui...