Uiui... emoções fortes... amanhã é minha banca... medo, muito medo.
E loucura, também. Sonhei que passava em frente a uma igreja, que me ajoelhava no altar e que prometia a São Benedito (que nem sei pra que serve esse santo) que se eu tirasse 10 na minha banca, eu assistiria a uma missa na sua igreja... também pedi outras coisas que não direi...rs.
Comi frango ao curry.... estou esgotada gastronomicamente.
Quando a gente tem medo de se apaixonar, será que é porque já está apaixonado? Questionamentos, sempre muitos e muitos questionamentos. Mas eu ainda acho que não.
dimanche, juin 22, 2003
mercredi, mai 07, 2003
Escrever. Escrever para não pirar, ou escrever para fugir e enlouquecer de vez. Talvez por isso não devesse estar aqui, no meu exercício diário de fazer drama por uma coisa qualquer.
Eu tenho um cotidiano de estresse familiar. Eu tenho uma mãe, que é o único parente a conviver comigo. É ponto pacífico que tentaríamos nos enlouquecer uma à outra, exercendo com talento a sordidez familiar, sem mediadores nem testemunhas. Desde quando nos odiamos? Até quando nos odiaremos?
Eu tenho um cotidiano de estresse familiar. Eu tenho uma mãe, que é o único parente a conviver comigo. É ponto pacífico que tentaríamos nos enlouquecer uma à outra, exercendo com talento a sordidez familiar, sem mediadores nem testemunhas. Desde quando nos odiamos? Até quando nos odiaremos?
mardi, mai 06, 2003
Pronto. Já deu o que tinha que dar. Agora estou aqui, e se tenho ou não uma bússola, pouco importa.
http://festamovel.blogspot.com
http://festamovel.blogspot.com
jeudi, mai 01, 2003
A luz de uma linda manhã penetram no meu quarto pela janela, enquanto ouço uma linda música do Portishead, neste 30 de abril de um outono calorento. Hoje eu já sou uma mulher de 25 anos, transpus essa porta do quarto de século (e quem há de transpor a porta do meu quarto? não sei), e tive uma festa coletiva, já que minha agora amiga K. também aniversaria em 29 de abril. Havia quatro velas no maravilhoso bolo, um par de 25, e outro de 26, e as sopramos ao mesmo tempo. A coisa toda foi muito fofa e divertida, e meu desejo ao cortar o bolo foi bem simples e baseado apenas nas mais puras necessidades. Normalmente não sou uma pessoa de sorte, mas espero que ontem ela tenha mesmo que invisivelmente sorrido para mim. Acho que a única dessas crendices de pedidos que deram certo foi o que fiz com a fitinha do Nosso Senhor do Bonfim, que simplesmente desatou os três nós, depois de quase um ano, sem que ela tivesse arrebentado, e meu desejo se tornou realidade.
Mas nem tudo foi alegria, pois minha mãe estava no hospital, sentindo coisas que não culminaram em diagnóstico algum. Fiquei preocupada com ela, pois agora ela é a única que me resta.
Agora vou mergulhar na Paris de Edmund White, a bicha mais chiquérrima do mundo editorial.
Mas nem tudo foi alegria, pois minha mãe estava no hospital, sentindo coisas que não culminaram em diagnóstico algum. Fiquei preocupada com ela, pois agora ela é a única que me resta.
Agora vou mergulhar na Paris de Edmund White, a bicha mais chiquérrima do mundo editorial.
lundi, avril 28, 2003
samedi, avril 26, 2003
Gosto quando o rádio me surpreende com canções que não espero ouvir. Esse é o caso, no presente momento, de "Glory Box", do Portishead. Uh... covardia ouvir essa música. Lembrei de alguém que nunca quereria nada comigo, K., que adorava absolutamente essa música, e que por alguma razão, gostava de ficar perto de mim. É alguém que tem um jeito absolutamente anódino e meio tapado, às vezes, só que usa isso a seu favor, porque de tapada, ela não tem rigorosamente nada. O fascinante é que eu a conheci vestida de Bat Girl, enquanto eu era uma bucólica flor, numa festa a fantasia. Acho que vou telefonar-lhe dia desses pra saber como ela está. Pois é, children, "Glory Box" em nada me lembra F.
jeudi, avril 24, 2003
Sonhos:
1 - labirinto de incoerências surreais numa praia da Califórnia;
2 - pedido de desculpas via secretária eletrônica;
3 - seduçõezinhas com uma mulher mais que bem casada.
Realidades:
1 - celulares não atendidos;
2 - dengos, manhas e vontades há mais ou menos de dois meses;
3 - desencontros premeditados ou não;
4 - proximidade do meu quarto de século.
E me usando dos dizeres de outrem sobre os 25 anos, "muita coisa pode acontecer em um quarto".
Mais enumerações:
1 - Sonhos:
1.1 - Terminar a faculdade nesse semestre
1.2 - Arranjar um emprego
1.3 - Superar minhas dificuldades emocionais
2 - Realidades:
2.1 - Brumas
2.2 - Tropeços
2.3 - Dúvidas
2.4 - Excessos
2.5 - Deficiências
1 - labirinto de incoerências surreais numa praia da Califórnia;
2 - pedido de desculpas via secretária eletrônica;
3 - seduçõezinhas com uma mulher mais que bem casada.
Realidades:
1 - celulares não atendidos;
2 - dengos, manhas e vontades há mais ou menos de dois meses;
3 - desencontros premeditados ou não;
4 - proximidade do meu quarto de século.
E me usando dos dizeres de outrem sobre os 25 anos, "muita coisa pode acontecer em um quarto".
Mais enumerações:
1 - Sonhos:
1.1 - Terminar a faculdade nesse semestre
1.2 - Arranjar um emprego
1.3 - Superar minhas dificuldades emocionais
2 - Realidades:
2.1 - Brumas
2.2 - Tropeços
2.3 - Dúvidas
2.4 - Excessos
2.5 - Deficiências
mardi, avril 22, 2003
Passou o feriadão maior que de costume, comeu-se muito peixe e chocolate, tomou-se muita chuva em Santos, enfim, enfim. Mas foi bom porque por vezes tive a companhia de amigos para boas conversas, até em mesa de bar quando São Pedro deu uma trégua. Mas a melhor companhia de todas foi a de Manuela e seus olhos atentos, suas garras afiadas e seus instintos felinos aguçados e brincalhões. Agora sei o que R. sente cuidando daquele bichinho. Uma companhia extremamente carinhosa. Sim, pessoas, gatos são traiçoeiros, desencanados, mas criem gatos. Não é caro e é diversão garantida!
vendredi, avril 18, 2003
Eu acordei pronta para deixar o egoísmo de lado... prova disso é que estou postando hoje para dividir a descoberta da coisa mais linda da Europa com vocês, mulheres (ou homens também, por que não?) interessadas. Ele se chama Nikos, é grego, tem 32 anos e é a coisa mais fofa do mundo, o que nos faz pensar que a expressão "deus grego" realmente tem muita procedência. Lá tem as fotos dele, muitas, muitas, e sei que ele suscitará paixões e etc, ainda mais porque ele está à procura de sua alma gêmea. Eu quero um daquele pra mim!!! Eu até prometo que não beijarei mais nenhuma mocinha...rs... hum... acho que não vou conseguir...rs.
jeudi, avril 17, 2003
Grande felicidade tida numa tarde de outono: o Cápsula foi indicado no link do dia, do Diário do Grande ABC. :-)))))
mercredi, avril 16, 2003
Essa é a perturbadora Renée Vivien, que será traduzida outro dia...
Vierges et femmes, rien n'est plus doux que l'amour?
Je dédaigne le vin, je méprise le miel,
Je ne veux que le goût des baisers à ma bouche ;
Ni les frissons de l'eau ni les remous du ciel
N'égalent l'ondoiement de ta chair?
Sim, uma autora com ares de Safo... de vez em quando é bom lembrar de coisas que me fazem sonhar...
Vierges et femmes, rien n'est plus doux que l'amour?
Je dédaigne le vin, je méprise le miel,
Je ne veux que le goût des baisers à ma bouche ;
Ni les frissons de l'eau ni les remous du ciel
N'égalent l'ondoiement de ta chair?
Sim, uma autora com ares de Safo... de vez em quando é bom lembrar de coisas que me fazem sonhar...
Volto às minhas raízes francesas com Noir Désir. Tive sonhos, sim, mas como não escrevi logo sobre, esqueci deles, paciência. Mas acho que havia uma excursão para alguma praia, em que encontrava C., o rapaz de 2,03m que eu cobiço quase acima de todas as coisas. Eu sou pequena, 1,65, mas sinto uma atração quase visceral por homens muito maiores que eu. E em indeterminado momento do sonho, lembro-me de pular obstáculos com uma habilidade grande. Que coisa.
Ela voltou às paragens virtuais da minha vida. Quando ela volta é que me dou conta de que estava com saudades. Eu a imaginava mais morena, mais latina e no entanto descubro um cabelo ruivo e uma pele branquinha revestindo um aspecto frágil, reforçando a doçura habitual de suas palavras, tornando-a detentora de um ar sapeca com que cria seus filhinhos siameses... ela realmente se parece, ainda que não seja como eu a tenha imaginado, com tudo o que eu sempre senti ao falar com ela.
Sim, mais um blogue: Life is a long song, de mais uma moça de nossa idade envolta mais ou menos nas mesmas crises...
E só um adendo: hoje é 15 de abril, e daqui a 14 dias, é meu aniversário. Queria dar uma festa... queria mesmo. Mas acho que não vai dar. Então, para entrar bem nesse quarto de século, eu só queria mesmo ganhar um pote de Renew... :-(
Ela voltou às paragens virtuais da minha vida. Quando ela volta é que me dou conta de que estava com saudades. Eu a imaginava mais morena, mais latina e no entanto descubro um cabelo ruivo e uma pele branquinha revestindo um aspecto frágil, reforçando a doçura habitual de suas palavras, tornando-a detentora de um ar sapeca com que cria seus filhinhos siameses... ela realmente se parece, ainda que não seja como eu a tenha imaginado, com tudo o que eu sempre senti ao falar com ela.
Sim, mais um blogue: Life is a long song, de mais uma moça de nossa idade envolta mais ou menos nas mesmas crises...
E só um adendo: hoje é 15 de abril, e daqui a 14 dias, é meu aniversário. Queria dar uma festa... queria mesmo. Mas acho que não vai dar. Então, para entrar bem nesse quarto de século, eu só queria mesmo ganhar um pote de Renew... :-(
mardi, avril 15, 2003
Agora me deleito com Les Negresses Vertes, a banda francesa que só conheço pelos remixes do Massive Attack.
Que meus sonhos são todos esquisitos, todos os leitores desse blog sabem. Mas essa manhã acordei rindo. Como se explica? Não sei... eu ria de uma garota de uns 20 e poucos anos, pele bem branca, fisionomia singular, que tinha a compleição de uma Kelly Osbourne. Estava com ela em algum lugar semi-público, talvez um brechó, onde ela desfilava para mim, modelitos dos mais estranhos, fazendo caras e bocas. Um dos que mais foi uma pelerine de lã branca que ela usava, saltitando como se fosse chapéuzinho vermelho na Floresta. Teve também um negócio que ela colocou na cabeça, que fazia parecer que ela estava usando uma cartola gigante, e andava feito um pingüim. Morri de rir, mesmo que seja sem graça quando esse sonho passa do vivido para o meramente narrado.
Outra cena foi que eu estava em um ambiente ultra fashion, que era um lounge que fazia parte de uma editora em que trabalhara. Cada núcleo da nossa redação tinha um sofá marcado de uma cor diferente, com um design inovador e toques retrô, o que fazia com que um cafezinho tomado ali fosse algo extremamente chique.
E em ainda uma outra cena, era amiga de duas bichinhas que queriam fazer um intercâmbio, e estávamos numa escola de idiomas vendo os planos e possibilidades de viajarmos para estudar no exterior.
Enfim. Sonhos repletos de coisas divertidas, instrutivas, bem estar, alegria, etc, etc...
Mas acordei rindo da sósia da Kelly Osbourne.
Que meus sonhos são todos esquisitos, todos os leitores desse blog sabem. Mas essa manhã acordei rindo. Como se explica? Não sei... eu ria de uma garota de uns 20 e poucos anos, pele bem branca, fisionomia singular, que tinha a compleição de uma Kelly Osbourne. Estava com ela em algum lugar semi-público, talvez um brechó, onde ela desfilava para mim, modelitos dos mais estranhos, fazendo caras e bocas. Um dos que mais foi uma pelerine de lã branca que ela usava, saltitando como se fosse chapéuzinho vermelho na Floresta. Teve também um negócio que ela colocou na cabeça, que fazia parecer que ela estava usando uma cartola gigante, e andava feito um pingüim. Morri de rir, mesmo que seja sem graça quando esse sonho passa do vivido para o meramente narrado.
Outra cena foi que eu estava em um ambiente ultra fashion, que era um lounge que fazia parte de uma editora em que trabalhara. Cada núcleo da nossa redação tinha um sofá marcado de uma cor diferente, com um design inovador e toques retrô, o que fazia com que um cafezinho tomado ali fosse algo extremamente chique.
E em ainda uma outra cena, era amiga de duas bichinhas que queriam fazer um intercâmbio, e estávamos numa escola de idiomas vendo os planos e possibilidades de viajarmos para estudar no exterior.
Enfim. Sonhos repletos de coisas divertidas, instrutivas, bem estar, alegria, etc, etc...
Mas acordei rindo da sósia da Kelly Osbourne.
lundi, avril 14, 2003
Entregando-me a melancólicas notas de piano.
Um pouco de apatia, mas sem depressão. Apenas um reflexo igualmente melancólico, dessas notas na superfície das minhas percepções. Um pouco de serenidade, um pouco de vontade de ser aninhada e me deixar levar, como uma garrafa abandonada no oceano...
Uma vassoura num armário de vassouras...
E blog novo e bom: Boneco Líquido.
vendredi, avril 11, 2003
Momento flashback: ouvindo "Starman", by David Bowie.
Só tenho uma nota a fazer, já que o dia foi tranqüilo e não me sobra muita melancolia a ser filtrada nessas linhas. Na verdade, tirando alguns momentos de tristeza bruta, me creio pisando na terra firme que tento sugerir com esse template de um térreo marrom, de um puro branco e de um celeste azul. Achei que estivesse me enganando, mas de fato a morte de meu pai me jogou de volta à realidade outrora tão rejeitada. Sinto as mesmas coisas que sentia antes: dor, desejo, tristeza, alegria, mas parece que agora tudo isso não está mais atrás de um tule enganoso que me impedia de enxergar com nitidez as próprias mentiras.
Mas, sim, a nota. É que, apesar de não dar muita atenção às bandas de rock atuais, adorei o clipe da música "Bote Fé", do Tihuana: um cão preto que corre pela cidade, acompanhado esporadicamente por uma cadela malhada, ao som do refrão: "Nada do que possa acontecer será mais forte do que há entre nós". Achei simples e de uma poesia intensa e bela, mesmo se tratando de um reles videoclipe de uma reles música de trabalho. Quero que isso seja verdadeiro e sirva para minha ligação com todas as pessoas que amo e admiro. Sei que esse lindo refrão já foi contradito pela prática mais de uma vez, mas sou uma eterna romântica que ainda acredita na pureza de coração das pessoas. Ou, como disse muitas vezes minha grande amiga Anna Bukowski (que talvez tenha a honra de ver no próximo feriado), "sou um cometa vadio que chama teu nome".
Só tenho uma nota a fazer, já que o dia foi tranqüilo e não me sobra muita melancolia a ser filtrada nessas linhas. Na verdade, tirando alguns momentos de tristeza bruta, me creio pisando na terra firme que tento sugerir com esse template de um térreo marrom, de um puro branco e de um celeste azul. Achei que estivesse me enganando, mas de fato a morte de meu pai me jogou de volta à realidade outrora tão rejeitada. Sinto as mesmas coisas que sentia antes: dor, desejo, tristeza, alegria, mas parece que agora tudo isso não está mais atrás de um tule enganoso que me impedia de enxergar com nitidez as próprias mentiras.
Mas, sim, a nota. É que, apesar de não dar muita atenção às bandas de rock atuais, adorei o clipe da música "Bote Fé", do Tihuana: um cão preto que corre pela cidade, acompanhado esporadicamente por uma cadela malhada, ao som do refrão: "Nada do que possa acontecer será mais forte do que há entre nós". Achei simples e de uma poesia intensa e bela, mesmo se tratando de um reles videoclipe de uma reles música de trabalho. Quero que isso seja verdadeiro e sirva para minha ligação com todas as pessoas que amo e admiro. Sei que esse lindo refrão já foi contradito pela prática mais de uma vez, mas sou uma eterna romântica que ainda acredita na pureza de coração das pessoas. Ou, como disse muitas vezes minha grande amiga Anna Bukowski (que talvez tenha a honra de ver no próximo feriado), "sou um cometa vadio que chama teu nome".
jeudi, avril 10, 2003
Eu e meus imóveis sonhos pré-conscientes. Ontem eu realmente fiquei com medo pq não conseguia acordar. Mas era sonho... hj não, mas foi breve.
Estou ouvindo "Imagine", agora. O quanto será que esta música está distante de uma efetiva realidade? John Lennon a fez por ocasião do Vietnam. Quem escreveria algo tão significativo para a época de agora? Algo que soasse tão acima de todas as boas músicas de protesto que temos ouvido e às quais os estadunidenses têm ignorado... algo que não fosse propriamente ofensivo, mas de forma simples revelasse a falibilidade de todas as ideologias e ressaltasse que ser humano deveria estar à parte de qualquer opressão ou tolhimento.
Mas o post termina com "Lucy in the sky with diamonds", e minha pergunta fica meio que sem resposta.
Ah... se alguém chegou a ver um Ultraman aqui, bom, eu acho que não consegui tirá-lo, mas em todo caso, foi um teste. Eu tinha medo era dos montros do Spectroman, isso aos meus seis anos de idade tirava-me as noites de sono.
Estou ouvindo "Imagine", agora. O quanto será que esta música está distante de uma efetiva realidade? John Lennon a fez por ocasião do Vietnam. Quem escreveria algo tão significativo para a época de agora? Algo que soasse tão acima de todas as boas músicas de protesto que temos ouvido e às quais os estadunidenses têm ignorado... algo que não fosse propriamente ofensivo, mas de forma simples revelasse a falibilidade de todas as ideologias e ressaltasse que ser humano deveria estar à parte de qualquer opressão ou tolhimento.
Mas o post termina com "Lucy in the sky with diamonds", e minha pergunta fica meio que sem resposta.
Ah... se alguém chegou a ver um Ultraman aqui, bom, eu acho que não consegui tirá-lo, mas em todo caso, foi um teste. Eu tinha medo era dos montros do Spectroman, isso aos meus seis anos de idade tirava-me as noites de sono.
mercredi, avril 09, 2003
Ouvindo as notas oníricas de Yann Tiersen, entrego-me a revelar as camadas da minha noite, envolta em frio, em lágrimas, em sonhos e por fim em sorrisos.
Chorei tanto no meu travesseiro, chorei de saudade de tudo: de meu pai, de uma paixão muito mal-resolvida, e tudo isso explodiu nas minhas preces atéias e desajeitadas, e me dei conta de que fazia muito tempo que não conversava com o escuro do meu quarto. Quando está frio, eu mal me mexo, quando durmo. Novamente uma via-férrea como elemento dos meus sonhos (vai ver porque ontem, ao voltar de uma entrevista de emprego, parei na frente da linha para esperar uma composição passar), revisitando cenas antológicas de "De volta para o futuro"... um carro que corria em direção ao trem que chegava, e que sumia antes da trágica colisão. Tudo isso eu observava da minha bicicleta, que em movimento, fazia meu corpo sacolejar na rua de paralelepípedos. Também sonhei com aquele rosto que se estivesse encostado no meu travesseiro seria lavado pelas minhas lágrimas. Quanta saudade, quanto vazio, quanto arrependimento e coisas não ditas apesar do excesso de outras... sonhei mas nem me lembro bem, era apenas uma névoa melancólica na minha lembrança, ela em vida real, tão onírica quanto nos meus sonhos.
Mas fui acordada por voz familiar que me faz bem, me arrancou da melancolia inconsciente da madrugada e me mergulhou num mundo de histórias chocantes mas apaixonantes, ainda que ela durma e eu nunca consiga acordá-la, e fique ouvindo sua respiração pesada e preguiçosa ao telefone, antes que eu mesma perca a paciência e vá dormir, por minha vez. :-)
Eu acho que vou para Belo Horizonte na Páscoa.. que os horizontes mineirins possam se abrir pra mim então, uai!
Esqueci de mandar o post anterior, portanto, ele vai hoje. Será que voltei ao áureo tempo da narração dos meus sonhos? Dunno...
Pois é... o sonho dessa noite foi muito "feira", só para isso faltando o pastelzinho de vento. Sonhei com tempos de penúria como se estivéssemos em guerra. Mas a presença dos meus amigos era constante, porque apoiávamos uns aos outros. Eu não me lembro de uma seqüência linear, mas lembro de correr para alcançar alguém, acompanhada de um menino de seus oito anos, e no caminho, ter pego dois enormes tomates vermelhos. Já em casa, numa outra casa que não conheço, L. trouxe um saco de pães e ficamos juntos na cama, nos beijando e conversando. Em outra cena, eu estava ao ar-livre, era de noite e eu olhava as luzes de outras cidades, em uma colina com algumas pessoas, e eu e R. encontramos uma caramboleira em que era muito difícil de subir. Havia também uma jaqueira, e uma outra árvore de frutos estranhos.
O interessante disso tudo é que a sensação vigente no sonho não era de que esses alimentos eram para mim, mas que precisava consegui-los para que outras pessoas o comessem. Mas o alimento que eu mais queria ter comido, enquanto no sonho, eram aqueles enormes tomates vermelhos, viçosos e de cheiro delicioso.
Chorei tanto no meu travesseiro, chorei de saudade de tudo: de meu pai, de uma paixão muito mal-resolvida, e tudo isso explodiu nas minhas preces atéias e desajeitadas, e me dei conta de que fazia muito tempo que não conversava com o escuro do meu quarto. Quando está frio, eu mal me mexo, quando durmo. Novamente uma via-férrea como elemento dos meus sonhos (vai ver porque ontem, ao voltar de uma entrevista de emprego, parei na frente da linha para esperar uma composição passar), revisitando cenas antológicas de "De volta para o futuro"... um carro que corria em direção ao trem que chegava, e que sumia antes da trágica colisão. Tudo isso eu observava da minha bicicleta, que em movimento, fazia meu corpo sacolejar na rua de paralelepípedos. Também sonhei com aquele rosto que se estivesse encostado no meu travesseiro seria lavado pelas minhas lágrimas. Quanta saudade, quanto vazio, quanto arrependimento e coisas não ditas apesar do excesso de outras... sonhei mas nem me lembro bem, era apenas uma névoa melancólica na minha lembrança, ela em vida real, tão onírica quanto nos meus sonhos.
Mas fui acordada por voz familiar que me faz bem, me arrancou da melancolia inconsciente da madrugada e me mergulhou num mundo de histórias chocantes mas apaixonantes, ainda que ela durma e eu nunca consiga acordá-la, e fique ouvindo sua respiração pesada e preguiçosa ao telefone, antes que eu mesma perca a paciência e vá dormir, por minha vez. :-)
Eu acho que vou para Belo Horizonte na Páscoa.. que os horizontes mineirins possam se abrir pra mim então, uai!
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Esqueci de mandar o post anterior, portanto, ele vai hoje. Será que voltei ao áureo tempo da narração dos meus sonhos? Dunno...
Pois é... o sonho dessa noite foi muito "feira", só para isso faltando o pastelzinho de vento. Sonhei com tempos de penúria como se estivéssemos em guerra. Mas a presença dos meus amigos era constante, porque apoiávamos uns aos outros. Eu não me lembro de uma seqüência linear, mas lembro de correr para alcançar alguém, acompanhada de um menino de seus oito anos, e no caminho, ter pego dois enormes tomates vermelhos. Já em casa, numa outra casa que não conheço, L. trouxe um saco de pães e ficamos juntos na cama, nos beijando e conversando. Em outra cena, eu estava ao ar-livre, era de noite e eu olhava as luzes de outras cidades, em uma colina com algumas pessoas, e eu e R. encontramos uma caramboleira em que era muito difícil de subir. Havia também uma jaqueira, e uma outra árvore de frutos estranhos.
O interessante disso tudo é que a sensação vigente no sonho não era de que esses alimentos eram para mim, mas que precisava consegui-los para que outras pessoas o comessem. Mas o alimento que eu mais queria ter comido, enquanto no sonho, eram aqueles enormes tomates vermelhos, viçosos e de cheiro delicioso.
lundi, avril 07, 2003
Recorde de sono. Fui dormir muito cedo e acordei muito tarde, o que proporcionou sonhos tão loucos quanto o tempo que havia para serem sonhados. O sonho de que mais me lembro foi aquele em que estava presa em uma escola (ou um espaço arquitetonicamennte concebido para tal), presa com outras pessoas por algum grupo de criminosos. Mas, sabe-se lá como, eu escapei daquela prisão, e foi voando. Há muito tempo não sonhava que estava voando. Eu queria alcançar um avião que estivesse indo para Brasília. O primeiro lugar que alcancei, na manhã de céu muito azul, foi um elevado onde havia uma via férrea... andei um pouco sobre os trilhos e continuei a subida. Eu dava braçadas no ar como se nadasse, e como se o deslocamento circular dos meus braços me impulsionasse para cima... fui voando muito rápido em direção a um Boeing bem gordinho. Me abracei no alto do avião, sentido o vento no cabelo e me perguntando o motivo pelo qual eu ainda respirava normalmente a 5.000m de altura. Eu olhava o mundo lá embaixo, através das nuvens.
Outro sonho foi que eu era novamente guia de um grupo de franceses. E eles já iam embora. Só me lembro do melhor: estar aos beijos com uma francesa linda, que se recusava a ir embora...rs.
No mais, não lembro de quase nada, só sei que ainda houve muitas outras cenas surreais, como se fossem apenas "sketches" na minha mente. Inclusive minha manhã teve um componente estranho. Acordei às seis da manhã, mas o relógio só marcava cinco, e eu, depois de alguns minutos, comecei a achar estranha a claridade do céu, para aquela hora.
E o que mais? Ontem fui ao batizado de Mateus, o bebê mais lindo do meu universo atual. Ele deixa aflorado meu instinto materno, com aquela pele tão macia e aquela ausência de dentes que torna seu sorriso a coisa mais boba e gostosa do mundo. Sete meses de esperteza pura, ainda que no meu íntimo, a presença de um bebê na minha vida certamente não implicaria em um batizado.
Outro sonho foi que eu era novamente guia de um grupo de franceses. E eles já iam embora. Só me lembro do melhor: estar aos beijos com uma francesa linda, que se recusava a ir embora...rs.
No mais, não lembro de quase nada, só sei que ainda houve muitas outras cenas surreais, como se fossem apenas "sketches" na minha mente. Inclusive minha manhã teve um componente estranho. Acordei às seis da manhã, mas o relógio só marcava cinco, e eu, depois de alguns minutos, comecei a achar estranha a claridade do céu, para aquela hora.
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E o que mais? Ontem fui ao batizado de Mateus, o bebê mais lindo do meu universo atual. Ele deixa aflorado meu instinto materno, com aquela pele tão macia e aquela ausência de dentes que torna seu sorriso a coisa mais boba e gostosa do mundo. Sete meses de esperteza pura, ainda que no meu íntimo, a presença de um bebê na minha vida certamente não implicaria em um batizado.
vendredi, avril 04, 2003
Sonhei que estava de novo na faculdade (acho que foram influências de uma agradável conversa tida ontem), numa sala de aula que era aberta à passagem, como se os alunos tivessem aula no corredor. Saí para tomar uma água, e num cenário do qual, de longe eu via um porto, guindastes, navios, reecontrei G. e a abracei como há muito não faço. G. é para mim como a memória dos computadores baianos: uma vaga lembrança...
Sonhei também com a filha porquinha da vizinha de cima, que vinha aqui em casa, pedia pra passar uma tarde, e vinha dormir comigo na minha cama, tentando me abraçar, e a repulsa que eu sentia era notável.
Ainda sonhei que ia para uma colônia de férias com a Fabs, e foi divertidíssimo, coisa de pularmos em piscinas e conhecermos gatinhos... na volta, estávamos em um ônibus e eu falava mal dos americanos, quando ela me advertiu: "ô mulher, acho que tem um americano fazendo uma cara de cu no banco atrás da gente", e eu ri e pra provocar ainda mais o cidadão, comecei a falar mal deles em inglês.
Outro sonho, dessa vez, mais uma vez, com meu pai. Mas nesse sonho ele era vivo. Ele morava numa casa só dele, grande e inchada de sua personalidade. Mas ele correu na chuva comigo, e eu fiquei preocupada que ele se resfriasse. Aí eu fui pegar algo que ele tinha esquecido em algum lugar, acho que uma Bíblia. Fui de bicicleta, na chuva, e caí, me esborrachei e deixei a Bíblia cair numa poça d'água e me senti muito culpada. Minha mãe teve também um lugar nesse sonho, pegando uma bolsa de viagem minha e me mandando ir embora.
É o segundo sonho em que ela me manda ir embora e em que eu estou meio que irmanada com meu pai. E em todos os sonhos estamos ligados por um amor intenso e inestimável, por mais que tenhamos sido fisicamente distantes em vida. Eu estou morrendo de saudade dele.
15:18 - Fim dos registros quiméricos de Camille Bleue.
Sonhei também com a filha porquinha da vizinha de cima, que vinha aqui em casa, pedia pra passar uma tarde, e vinha dormir comigo na minha cama, tentando me abraçar, e a repulsa que eu sentia era notável.
Ainda sonhei que ia para uma colônia de férias com a Fabs, e foi divertidíssimo, coisa de pularmos em piscinas e conhecermos gatinhos... na volta, estávamos em um ônibus e eu falava mal dos americanos, quando ela me advertiu: "ô mulher, acho que tem um americano fazendo uma cara de cu no banco atrás da gente", e eu ri e pra provocar ainda mais o cidadão, comecei a falar mal deles em inglês.
Outro sonho, dessa vez, mais uma vez, com meu pai. Mas nesse sonho ele era vivo. Ele morava numa casa só dele, grande e inchada de sua personalidade. Mas ele correu na chuva comigo, e eu fiquei preocupada que ele se resfriasse. Aí eu fui pegar algo que ele tinha esquecido em algum lugar, acho que uma Bíblia. Fui de bicicleta, na chuva, e caí, me esborrachei e deixei a Bíblia cair numa poça d'água e me senti muito culpada. Minha mãe teve também um lugar nesse sonho, pegando uma bolsa de viagem minha e me mandando ir embora.
É o segundo sonho em que ela me manda ir embora e em que eu estou meio que irmanada com meu pai. E em todos os sonhos estamos ligados por um amor intenso e inestimável, por mais que tenhamos sido fisicamente distantes em vida. Eu estou morrendo de saudade dele.
15:18 - Fim dos registros quiméricos de Camille Bleue.
mercredi, avril 02, 2003
Tenho de escrever, né? Mas dada a data festiva de 1o. de abril (pensar que essa é a data do golpe de 64 é deveras interessante. Talvez eles só a tenham chamado de revolução porque era justamente 1o. de abril), fico com medo de escrever mentiras. Portanto, escreverei apenas um parágrafo de mentiras para depois aceder somente à minha porção de realidade.
Já é notório que os EUA invadiram o Iraque para garantir a paz no mundo e a economia americana está de vento em popa. Carla Perez tornou-se recentemente um dos pilares da nata intelectual da Bahia, sendo que Xanddy resolveu nunca mais andar descalço e só quer o chamem de Alexandre. Eu sou engraçada.
Pronto, cansei. O fato é que na Praça Fernandes Pacheco só me acontecem coisas estranhas. Dias desses, pensando na imprevisibilidade dos acontecimentos, tomei uma bola na cabeça vinda diretamente da hora do recreio no Leonor Mendes de Barros. Ontem, atravessando a rua e lembrando da orelha do livro "As horas", que dizia que suas protagonistas não se encaixavam no ritmo de seus cotidianos, meu olhar se deteve numa obra que faziam na rua perpendicular, tentando entender o porquê daquilo, quando senti algo encostando na minha coxa, e não era nada menos que o capô de um carro que quase me atropelou. Olhei para o motorista, meio atônita, um segundo depois lhe pedi desculpas pela minha desatenção, e ele pela dele, e me perguntei: "onde diabos estava com a cabeça"? Como, em uma fração de segundo, não vi o carro que vinha, não ouvi a freada, não me lembrei da rua e sim continuei caminhando nos meus pensamentos? Tive medo do meu desligamento e medo também de que o recém-passado tivesse sido outro e eu de fato tivesse sido atropelada. Os passos da minha mente nunca se coordenam com os das minhas pernas.
Já é notório que os EUA invadiram o Iraque para garantir a paz no mundo e a economia americana está de vento em popa. Carla Perez tornou-se recentemente um dos pilares da nata intelectual da Bahia, sendo que Xanddy resolveu nunca mais andar descalço e só quer o chamem de Alexandre. Eu sou engraçada.
Pronto, cansei. O fato é que na Praça Fernandes Pacheco só me acontecem coisas estranhas. Dias desses, pensando na imprevisibilidade dos acontecimentos, tomei uma bola na cabeça vinda diretamente da hora do recreio no Leonor Mendes de Barros. Ontem, atravessando a rua e lembrando da orelha do livro "As horas", que dizia que suas protagonistas não se encaixavam no ritmo de seus cotidianos, meu olhar se deteve numa obra que faziam na rua perpendicular, tentando entender o porquê daquilo, quando senti algo encostando na minha coxa, e não era nada menos que o capô de um carro que quase me atropelou. Olhei para o motorista, meio atônita, um segundo depois lhe pedi desculpas pela minha desatenção, e ele pela dele, e me perguntei: "onde diabos estava com a cabeça"? Como, em uma fração de segundo, não vi o carro que vinha, não ouvi a freada, não me lembrei da rua e sim continuei caminhando nos meus pensamentos? Tive medo do meu desligamento e medo também de que o recém-passado tivesse sido outro e eu de fato tivesse sido atropelada. Os passos da minha mente nunca se coordenam com os das minhas pernas.
dimanche, mars 30, 2003
De tempos em tempos (a cada 5min, talvez) me é necessária uma decantação. Do que? Muito provavelmente dos resíduos dos meus próprios processos, coisas que vão criando um ranço auto-inflingido, pequenos mas incômodos vícios, manias das quais não consigo me livrar.
Coisa pertinente é essa metáfora de outrem, dita em primeira pessoa: "estava bebendo água numa garrafinha de plástico, e pus meus olhos em duas gotas que sobraram. Quando comecei a mexer a garrafa, uma das gotas rodava sobre si mesma, enquanto a outra ia vagarosamente em direção a esta, e por fim elas se juntaram e formaram uma gota grande". A questão, no caso, é tanto a da gota giratória quanto a que persiste no seu caminho obstinado e reto. Não sei qual dos dois movimentos é o mais legítimo, e tampouco sei qual deles é que realmente me representa. Infelizmente eu me vejo na porção ruim da roda da fortuna: girando sempre, a repetir situações, a passar sempre pelas mesmas dificuldades, decorrentes dos mesmos erros. Uma prisão cíclica, se bem que isso é uma redundância, pois quando estamos aprisionados, não vemos o tempo passar, logo ele perde a seqüência lógica que parece ter quando estamos livres. É nesse ciclo que me encontro, apesar de no fim achar que terei traçado uma linha reta sem paralelos que um dia se encontrarão.
Mudando de assunto, eu acho muito poética a palavra "desdita".
Coisa pertinente é essa metáfora de outrem, dita em primeira pessoa: "estava bebendo água numa garrafinha de plástico, e pus meus olhos em duas gotas que sobraram. Quando comecei a mexer a garrafa, uma das gotas rodava sobre si mesma, enquanto a outra ia vagarosamente em direção a esta, e por fim elas se juntaram e formaram uma gota grande". A questão, no caso, é tanto a da gota giratória quanto a que persiste no seu caminho obstinado e reto. Não sei qual dos dois movimentos é o mais legítimo, e tampouco sei qual deles é que realmente me representa. Infelizmente eu me vejo na porção ruim da roda da fortuna: girando sempre, a repetir situações, a passar sempre pelas mesmas dificuldades, decorrentes dos mesmos erros. Uma prisão cíclica, se bem que isso é uma redundância, pois quando estamos aprisionados, não vemos o tempo passar, logo ele perde a seqüência lógica que parece ter quando estamos livres. É nesse ciclo que me encontro, apesar de no fim achar que terei traçado uma linha reta sem paralelos que um dia se encontrarão.
Mudando de assunto, eu acho muito poética a palavra "desdita".
samedi, mars 29, 2003
Carol Rigby voltou de Buenos Aires com força total. Tá todo mundo mudando de endereço, e estou descobrindo coisas novas, como por exemplo a profundidade reflexiva da srta. Emma Bovary, mais uma que como eu, prefere o aconchego do anonimato (e isso seria um trocadilho se vocês soubessem que aqui em Santos tem um motel chamado "Anonimato").
Acordei cedinho, hoje, muito cedinho, com a desafiante tarefa de acordar alguém. E fui ao café onde minha mãe trabalha... e passei a manhã lendo e tomando um cafezinho expresso que ela mesma me preparou, com a sua aprendiz habilidade de mexer naquela máquina. No caminho, encontrei uma amiga que não via há muitos anos, e eu estava com tanto sono que tive a impressão de que foi sonho, ainda mais quando ela me contou que há anos, sua mãe estava morando na Suíça. Nada me pareceu tão díspar de qualquer realidade anterior, mas achei legal. Quando nos telefonarmos, procurarei saber dos detalhes.
Hoje uma coisa de importância menor também me intrigou. Vocês comprariam uma caixa de leite que não tivesse a cor branca, ou azul? Abri o armário e havia uma caixa assim no meu armário, toda vermelha, amarela e laranja, e tive de procurar na embalagem a expressão "leite in natura" para confirmar se poderia bebê-lo ou não. Não sabia se aquilo era leite mesmo, ou leite com chocolate, ou qualquer outra coisa. Estranho se dar conta que a mente está tão acostumada a certos padrões, que qualquer desvio disso provoca uma estranheza sem precedentes. Achei interessante, mas esse leite não vai vender, mesmo sabendo que o apelo do preço baixo, hoje em dia, é mais convincente do que qualquer outra coisa.
Acordei cedinho, hoje, muito cedinho, com a desafiante tarefa de acordar alguém. E fui ao café onde minha mãe trabalha... e passei a manhã lendo e tomando um cafezinho expresso que ela mesma me preparou, com a sua aprendiz habilidade de mexer naquela máquina. No caminho, encontrei uma amiga que não via há muitos anos, e eu estava com tanto sono que tive a impressão de que foi sonho, ainda mais quando ela me contou que há anos, sua mãe estava morando na Suíça. Nada me pareceu tão díspar de qualquer realidade anterior, mas achei legal. Quando nos telefonarmos, procurarei saber dos detalhes.
Hoje uma coisa de importância menor também me intrigou. Vocês comprariam uma caixa de leite que não tivesse a cor branca, ou azul? Abri o armário e havia uma caixa assim no meu armário, toda vermelha, amarela e laranja, e tive de procurar na embalagem a expressão "leite in natura" para confirmar se poderia bebê-lo ou não. Não sabia se aquilo era leite mesmo, ou leite com chocolate, ou qualquer outra coisa. Estranho se dar conta que a mente está tão acostumada a certos padrões, que qualquer desvio disso provoca uma estranheza sem precedentes. Achei interessante, mas esse leite não vai vender, mesmo sabendo que o apelo do preço baixo, hoje em dia, é mais convincente do que qualquer outra coisa.
jeudi, mars 27, 2003
Friozinho gostoso, tosses secas chatas, gente querida fazendo coisas lindas pelos outros... certas coisas me comovem, me enchem de uma estima sempre maior.
Show do Danilo Caymmi. Bem gostosinho, bem feitinho, competentezinho. Mas enfim, aquela coisa: Iemanjá, odoiá em duas músicas diferentes, Gabriela pra cá, Acarajé pra cá, mas o cara é simpático e tem um jeito atrapalhado. O que achei curioso é que parece que ele vive em função das produções dramatúrgicas da Globo. É Riacho Doce, Teresa Batista, Porto dos Milagres (lembrei de Guma, agora, ui...rs), tudo feito para ilustrar melodicamente aqueles sotaques mal e porcamente reproduzidos, a dar a entender que todo mundo na Bahia vive deitado em rede, e ou pesca, ou toma água de côco ou é um coronel. Putz.
Show do Danilo Caymmi. Bem gostosinho, bem feitinho, competentezinho. Mas enfim, aquela coisa: Iemanjá, odoiá em duas músicas diferentes, Gabriela pra cá, Acarajé pra cá, mas o cara é simpático e tem um jeito atrapalhado. O que achei curioso é que parece que ele vive em função das produções dramatúrgicas da Globo. É Riacho Doce, Teresa Batista, Porto dos Milagres (lembrei de Guma, agora, ui...rs), tudo feito para ilustrar melodicamente aqueles sotaques mal e porcamente reproduzidos, a dar a entender que todo mundo na Bahia vive deitado em rede, e ou pesca, ou toma água de côco ou é um coronel. Putz.
mardi, mars 25, 2003
Minha garganta não melhorou, mas o sol voltou depois de uma manhã inteira de chuva. Acordei com uma voz já familiar que dava-me as boas vindas do dia, não poderia ter acordado de melhor maneira. Os dias que esperei não foram em vão. Fui acusada de frieza, de distância, mas era uma inquietação que não procedia. Tudo o que queria era um simples dengo para que tudo se umedecesse, se amaciasse e se tornasse novamente o território íntimo do bem-estar, do desprendimento e da desenvoltura. Queria esse sujeito-objeto nos meus braços, na hora excitada de um despertar comum, de um "bom dia" dado com olhar sugestivo, de um sorriso seguido de ruídos afins ao ronronar de um gato preguiçoso...
E do lado de fora da moldura da janela em que chovia no quadro nada estático, que era o lado de dentro, o meu quarto, segui minha leitura embalada pelo frescor da manhã, pelo sono se ausentando do meu corpo...
O que estou lendo? Nada poético, nada analítico, "A Vida Sexual de Catherine M.", que prescinde de explicações, que é quase um episódio de um documentário da Discovery. Eu não invejo a vida sexual de Catherine, mas invejo seu desprendimento de toda a culpa e todo o medo. Queria ter essa mesma atitude em relação a outras coisas que não o sexo. Vou teorizar mais a respeito, depois volto.
E do lado de fora da moldura da janela em que chovia no quadro nada estático, que era o lado de dentro, o meu quarto, segui minha leitura embalada pelo frescor da manhã, pelo sono se ausentando do meu corpo...
O que estou lendo? Nada poético, nada analítico, "A Vida Sexual de Catherine M.", que prescinde de explicações, que é quase um episódio de um documentário da Discovery. Eu não invejo a vida sexual de Catherine, mas invejo seu desprendimento de toda a culpa e todo o medo. Queria ter essa mesma atitude em relação a outras coisas que não o sexo. Vou teorizar mais a respeito, depois volto.
lundi, mars 24, 2003
Puta da vida com tudo. Sem sono, garganta inflamada, nada o que dizer, nada o que pensar. Tudo parece ser uma soma de coisas que têm por essência comum o nada. A insignificância, coisa essa que ainda assim me afeta.
É um quase amanhecer de um dia de outono, já está frio, novamente eu vou me enfiar em uma ostra. O verão passou, e com esse fim de verão, fechado tradicionalmente pelas águas de março, percebo o quanto sou ligada a estes bobos estereótipos estivais, de que o verão é ensolarado e tem de ser alegremente aproveitado, mas meu verão foi pontuado de coisas nefastas e fúnebres, literalmente. Meu pai foi o exemplo mais vívido disso. Mas não só. Outras coisas morreram. Parte da crença (sim, uma crença tão infundada como qualquer religião idiota) em que amigos são para sempre, em que as pessoas que a gente ama são sempre irrepreensíveis no quesito fidelidade, e nem falo da fidelidade sexual, pois acho que é a menos importante. Pessoas que eu amava de maneira maior sumiram. Evaporaram da minha vida, tanto de maneiras despresíveis quanto dolorosas. Esse foi o verão da morte, de todas. E no entanto, minhas faces, aquelas que queria mortas e enterradas, vivem, ou são zumbis de mim mesma.
Sinto que todos representam comigo, incapaz de não representar também, eu mesma.
É um quase amanhecer de um dia de outono, já está frio, novamente eu vou me enfiar em uma ostra. O verão passou, e com esse fim de verão, fechado tradicionalmente pelas águas de março, percebo o quanto sou ligada a estes bobos estereótipos estivais, de que o verão é ensolarado e tem de ser alegremente aproveitado, mas meu verão foi pontuado de coisas nefastas e fúnebres, literalmente. Meu pai foi o exemplo mais vívido disso. Mas não só. Outras coisas morreram. Parte da crença (sim, uma crença tão infundada como qualquer religião idiota) em que amigos são para sempre, em que as pessoas que a gente ama são sempre irrepreensíveis no quesito fidelidade, e nem falo da fidelidade sexual, pois acho que é a menos importante. Pessoas que eu amava de maneira maior sumiram. Evaporaram da minha vida, tanto de maneiras despresíveis quanto dolorosas. Esse foi o verão da morte, de todas. E no entanto, minhas faces, aquelas que queria mortas e enterradas, vivem, ou são zumbis de mim mesma.
Sinto que todos representam comigo, incapaz de não representar também, eu mesma.
dimanche, mars 23, 2003
Domingo destinado a suportar as conseqüências das extravagâncias da noite anterior.
Dancei tanto que arranjei uma bolha enorme no pé. Mas amei: Joy Division, Soft Cell, Duran Duran, Culture Club, Madonna, New Order, Depeche Mode... só as coisas que eu curtia horrores aos sete anos de idade. E gente bonita, muitas delas. Vontade de ir lá sempre, but...
Festa anos 80 é sempre o que há. Com aquelas músicas, ninguém precisa de hoje.
Dancei tanto que arranjei uma bolha enorme no pé. Mas amei: Joy Division, Soft Cell, Duran Duran, Culture Club, Madonna, New Order, Depeche Mode... só as coisas que eu curtia horrores aos sete anos de idade. E gente bonita, muitas delas. Vontade de ir lá sempre, but...
Festa anos 80 é sempre o que há. Com aquelas músicas, ninguém precisa de hoje.
samedi, mars 22, 2003
Estou ouvindo um cd da Elis, ao vivo. Mulher surpreendente, incrível, mais que incrível, quase incompreensível, ou apenas (e mais importante) visceralmente compreensível.
Sonhos, é, há quanto tempo. Sonhei com F., que não andava na minha cabeça já há muito tempo. Sonhei que ela estava dentro de um caminhão, com o pai e o irmão, e que não morava mais com D., e que pareceu confusa, mas depois alegre em me ver. Não sei como eu mesma me sentiria se a visse de novo, e talvez nem queira saber.
Ganhei duas blusinhas lindas ontem... mas usáveis no verão. E o outono começou hoje, com uma cara bem típica. Em Curitiba, o frio já mostra a ponta do seu nariz, e mais ao sul, ainda, o frio deve estar pior. Toda a cor da natureza vai arrefecendo, os hábitos tornam-se mais discretos e internos, as conquistas dar-se-ão menos à beira da praia que no interior de uma discoteca... e cada inverno para mim é uma jornada em mim, é hora de mastigar e digerir o meu revelador verão, vivo em cores mas literalmente sepulcral, cheio de acontecimentos que abalaram minhas estruturas, se é que eu as tenho.
Em Santos o dia é nublado, as chuvas são esparsas mas fortes, e lá no norte, no oriente, o dia é nublado da fumaça da morte. :-(
Ouvir "Travessia" era tudo que eu não deveria ter feito hoje.
Sonhos, é, há quanto tempo. Sonhei com F., que não andava na minha cabeça já há muito tempo. Sonhei que ela estava dentro de um caminhão, com o pai e o irmão, e que não morava mais com D., e que pareceu confusa, mas depois alegre em me ver. Não sei como eu mesma me sentiria se a visse de novo, e talvez nem queira saber.
Ganhei duas blusinhas lindas ontem... mas usáveis no verão. E o outono começou hoje, com uma cara bem típica. Em Curitiba, o frio já mostra a ponta do seu nariz, e mais ao sul, ainda, o frio deve estar pior. Toda a cor da natureza vai arrefecendo, os hábitos tornam-se mais discretos e internos, as conquistas dar-se-ão menos à beira da praia que no interior de uma discoteca... e cada inverno para mim é uma jornada em mim, é hora de mastigar e digerir o meu revelador verão, vivo em cores mas literalmente sepulcral, cheio de acontecimentos que abalaram minhas estruturas, se é que eu as tenho.
Em Santos o dia é nublado, as chuvas são esparsas mas fortes, e lá no norte, no oriente, o dia é nublado da fumaça da morte. :-(
Ouvir "Travessia" era tudo que eu não deveria ter feito hoje.
vendredi, mars 21, 2003
Depois de toda uma semana útil sem postar, aqui estou, ainda que não tenha muito o que dizer. Não que tenha feito muita coisa. Só escrevi e li, basicamente, embora não aqui... terminei um livro de 500 páginas, fiquei preocupada com a possibilidade de ter magoado alguém querido... eu normalmente faço isso devido a uma falta de jeito típica de mim. Tomei café na rua XV, coisa que sempre me é muito agradável... e pensei pouco na vida, pelo menos na minha. Pensei, inevitavelmente, na burrice dessa guerra, escrevi sobre isso, embora não aqui, pois por aqui, sempre permaneço no círculo íntimo e pessoal da minha existência, e de algumas outras que me rodeiam...
Mas de certa forma, andei ocupada, e se isso me afasta daqui, por outro lado é bom, visto que recorro a essas linhas por causa da minha constante inquietação de espírito.
Continuo na minha ostra.
Mas de certa forma, andei ocupada, e se isso me afasta daqui, por outro lado é bom, visto que recorro a essas linhas por causa da minha constante inquietação de espírito.
Continuo na minha ostra.
lundi, mars 17, 2003
Belezura de fim de semana... é claro que eu oscilo entre curtir um momento que é bom, e ficar de mau-humor o resto do tempo, mas enfim. Multiplas ligações de pessoas longinquamente queridas. Nordeste, Bauru, Jequitinhonha, Cananéia. Deus meu, e tudo de uma vez só. Saudades, saudades e me sinto querida e querendo bem. TE VOGLIO BENE, aliás.
E ainda o churrasquinho do Coral, e ainda ler e escrever e sorrir e tomar chopp rosé. E enviar o Cápsula. Mas nenhuma reflexão, não, nada. Meu findi não foi melancólico ou surpreendente, no fim, isso acaba soando como um diarinho...rs.
Salvador, né? Por que não? :-)
E ainda o churrasquinho do Coral, e ainda ler e escrever e sorrir e tomar chopp rosé. E enviar o Cápsula. Mas nenhuma reflexão, não, nada. Meu findi não foi melancólico ou surpreendente, no fim, isso acaba soando como um diarinho...rs.
Salvador, né? Por que não? :-)
vendredi, mars 14, 2003
Matei a saudade do meu pai, nos meus sonhos. Ele sempre é alguém que já é morto, que é um fantasma de carne, osso e emoção. Eu fui à sua ex-casa e ele estava lá, deitado na cama e lendo, nunca tão magro como ele estava quando morreu. Entrei, e ele não percebeu, mas aí disse: "pai?", e ele se levantou e sorriu, e eu ignorei o fato estranho de estar vendo um homem morto, e o abracei bem forte. Conversamos, comemos, sorrimos, e eu acho que estava lá, mas em breve viajaria para Minas com um rapaz, a fim de acamparmos. Ver meu pai em sonhos é fonte de alegria intensa, já disse. Acho é que morro de saudade dele, e nunca fico triste quando estou acordada, mas intensamente alegre quando durmo e o resgato de alguma maneira.
Sonhei também que estava deitada e beijava uma menina de cabelos chanel e olhos claros.
Tanta coisa pra fazer e tão pouca disposição... e eu achando que o calor havia passado.
Sonhei também que estava deitada e beijava uma menina de cabelos chanel e olhos claros.
Tanta coisa pra fazer e tão pouca disposição... e eu achando que o calor havia passado.
mercredi, mars 12, 2003
Nada de sonhos, hoje. Não lembro de nada. Eu e meu sono leve de janela escancarada. Tá sendo muito difícil dormir no meu quarto, eu que sou um ser da escuridão, quase intra-uterina, tendo de conviver com a claridade que com o fim do horário de verão, começa mais cedo. O sono anda leve, leve, embalado pelos ruídos matinais que já não têm barreira: os pintos piando, os cachorros latindo, as lavadeiras do meu prédio e arredores dando ao ambiente um ar de cortiço, a serra do marceneiro e as brincadeiras puerilmente masculinas dos rapazes da Assistência Técnica de computadores, que aliás já salvaram, a um preço nada módico, esse coitado, instrumento das minhas sandices. Daí eu fico com essa cara de zumbi o dia todo. Eu não tenho lá muita disposição em permitir que a luz do dia seja o meu despertador. Mas deveria, né? Porque o amanhecer é sempre bem bonito. Se o pôr-do-sol do Guaíba é o mais bonito do Brasil, a aurora mais bonita é a da minha cidade, mesmo, com um sol surpreendente que surge por detrás dos prédios na avenida da praia, e antes de mais nada, ilumina as ondas que se formam na rebentação. E eu não trocaria isso por nada? Trocaria. Sou como algum canditato da cabine do Sílvio Santos, dizendo "sim" pra tudo.
Ai, que pesadelo. Sonhei com certas pessoas à minha volta, que me inflingiam um apedrejamento moral, com dia e hora marcada, como um pelotão de execução. O pior é que a acusação escrota eu sofri em realidade, mas na verdade, havia um motivo implícito no ódio contido nos olhos daquelas pessoas conhecidas que eu não conseguia reconhecer. Coisa estranha, essa. Eu nunca tinha dado pra ter medo desse tal preconceito, mas agora ele anda à espreita e tenho medo de que me cace com tanta violência quanto a sua própria violência intrínseca. Ando com medo. Medo de uma neurose coletiva e individual ao estilo das "Bruxas de Salém" de Arthur Miller.
Mas, enfim, foi só um sonho ruim, e enquanto estou acordada, hoje, penso, leio e sinto coisas boas. Blog novo no meu repertório, aliás. É o da Luz Fernandez, que me descobriu através do diretório Blog-se, e é daqui de Santos. Eu não sou muito leitora dos blogs santistas, e isso é uma ausência de hábito que eu preciso corrigir...rs. Eu gostei de lá, e gostei de ela ter gostado daqui... :-)
Mas, enfim, foi só um sonho ruim, e enquanto estou acordada, hoje, penso, leio e sinto coisas boas. Blog novo no meu repertório, aliás. É o da Luz Fernandez, que me descobriu através do diretório Blog-se, e é daqui de Santos. Eu não sou muito leitora dos blogs santistas, e isso é uma ausência de hábito que eu preciso corrigir...rs. Eu gostei de lá, e gostei de ela ter gostado daqui... :-)
mardi, mars 11, 2003
Sinto em meu corpo o impacto de todas as nuanças fisiológicas destes dias de maré vermelha. Ser mulher (mas é quase só por acaso que falo disto pouco depois do nosso dia internacional) é sempre contraditório. Doçura, rudeza, decepção, prazer, tudo isso os homens também têm, mas acredito que sejam vivências de outro tipo, que escapando à porção individual, acabam realmente se enquadrando na suposta "natureza" de cada gênero. O fato é que essa natureza não é de origem biológica. Homens e mulheres, e isso nem é novo, não são diferentes emocionalmente por qualquer determinação biológica, mas unicamente por toda uma série de padrões que todas as civilizações e sociedades as mais diversas talharam. Diferenças arraigadas e englobadas, assimiladas com dor, na maior parte das vezes, mas até admissíveis, se não fosse pela violência que sofre tudo o que de forma também quase natural, escapa dessas duas grandes vertentes, masculina e feminina.
Tudo isso eu comecei pensando na palavra contradição. Mas a única coisa que de fato eu queria dizer, é que na noite passada sonhei que estava grávida, e que pela primeira vez sentia meu bebê fazer movimentos dentro do meu ventre. Logo agora que estou menstruada. Ufa... rs.
A Fernanda, do Recheio de Que?, está de volta. Como ela escreve muito bem e é muito querida, recomendo uma passadinha básica lá no seu blógue.
Saudade, saudade tão gostosa que anda pulsando em vários lugares pulsáveis. É uma saudade sutil que se derrama na minha pele, e me faz pensar na música e na voz de Norah Jones, naquela música "I don't know why". Saudade apenas expressável em recadinhos. Mas... :-)
Tudo isso eu comecei pensando na palavra contradição. Mas a única coisa que de fato eu queria dizer, é que na noite passada sonhei que estava grávida, e que pela primeira vez sentia meu bebê fazer movimentos dentro do meu ventre. Logo agora que estou menstruada. Ufa... rs.
A Fernanda, do Recheio de Que?, está de volta. Como ela escreve muito bem e é muito querida, recomendo uma passadinha básica lá no seu blógue.
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Saudade, saudade tão gostosa que anda pulsando em vários lugares pulsáveis. É uma saudade sutil que se derrama na minha pele, e me faz pensar na música e na voz de Norah Jones, naquela música "I don't know why". Saudade apenas expressável em recadinhos. Mas... :-)
vendredi, mars 07, 2003
O carnaval acabou, as águas de março, ainda que só uma vez, vieram para levar o verão, o sol brilha, minha pele está bronzeada (mas logo desbota...rs), eu tranqüila por dentro porque me diverti no carnaval, tive um carnaval leve, feito de conversas com amigos, de mar, de cerveja, de sol, de estrelas, nada além dessas coisas tão pouco rebuscadas que têm muito valor quando não se tem muito consciência delas, mas eu nem sei o que estou dizendo. Ando sucinta, sonhando muito e sem lembranças suficientes para transcrevê-los aqui. Mas essa noite sonhei com a velha J., a uma distância segura... quando sonhava com ela, era sempre a pessoa que eu amava, independentemente das situações esdrúxulas dos sonhos. Agora, nas minhas quimeras, eu não amo ninguém além de mim mesma (ou talvez nem a mim mesma), e quando ela está lá, é um corpo em movimento a ser observado de muito longe. E agora 15 dias me separam de uma nova letra, uma nova história ou talvez nem mesmo nada disso, mas de qualquer maneira, as coisas acontecem para me provar que o fluxo do rio da nossa vida não cessa nunca, e agora, talvez um pouco mais que sempre, sei que as coisas vêm e vão, ainda que num dado recorte da realidade e do tempo, algo sempre está vindo ao mesmo tempo que está indo, ainda que não seja a coisa necessariamente mesma. Por isso, números de telefone são trocados e a gente nunca descobre, uma ligação soa perto do meio-dia e a atendemos com um sorriso, e tudo isso no espaço de uma hora na nossa existência, que dirá o resto dela? As coisas vão, vêm, e é inevitável a transitoriedade de nós mesmos. Mas que bom que existem as lembranças e a saudade que até do futuro temos.
mercredi, mars 05, 2003
Sinto-me novamente à deriva, vendo apenas mar e céu, à superfície de algo assustadoramente profundo.
Sinto minha sordidez vindo à tona.
Olho para as linhas das minhas mãos e elas podem dizer duas coisas: ou que não vou viver muito tempo, ou que quase vou morrer mas não vou, e que depois disso vou continuar mais um tanto. Eu não sei mais nada. Acho que prefiro a primeira opção. Acho que prefiro a primeira opção agora.
Quando mudei o lay-out do blog, não suspeitava a minha difiuldade para pisar em terra firme. Para ser terra firme, apesar do desejo. Touro, ascendente Virgem, Lua em Aquário? É nisso que dá.
Sinto minha sordidez vindo à tona.
Olho para as linhas das minhas mãos e elas podem dizer duas coisas: ou que não vou viver muito tempo, ou que quase vou morrer mas não vou, e que depois disso vou continuar mais um tanto. Eu não sei mais nada. Acho que prefiro a primeira opção. Acho que prefiro a primeira opção agora.
Quando mudei o lay-out do blog, não suspeitava a minha difiuldade para pisar em terra firme. Para ser terra firme, apesar do desejo. Touro, ascendente Virgem, Lua em Aquário? É nisso que dá.
dimanche, mars 02, 2003
25 dias é coisa rápida. Assim espero. Queimada de sol como há muito não ficava, e olha que isso não é nada. Um mar azul mediterrâneo, com a água ao nível do peito e mesmo assim dando pra enxergar os pés no fundo, um mar de temperatura deliciosa, e logo depois uma piscina fresquinha. Esse foi meu domingo ao lado de R., no Guarujá, ao reecontrar alguns amigos queridos de Bauru. Talvez amanhã possamos ir um pouco além, até Camburi. Eu havia prometido ir à praia neste verão e consegui vencer a apatia e realmente fazê-lo. Um viva ao mar azul. Estou tonta de sono...
jeudi, février 27, 2003
Estou com uma vontade inédita, que certamente será realizada mais tarde. Uma vontade não sentida há muitos anos, e o que me impede de realizá-la agora, que tenho 24 anos e com essa idade às vezes me sinto uma velha ermitã isolada? Bom, a vontade que tenho é de colocar detergente num copinho com água e fazer bolinhas de sabão. O carnaval se aproxima e já na minha cabeça começa uma folia. Folie, melhor dizendo, me deixando folle.
Às vezes também tenho de agredecer meu bem estar a pessoas que não conheço, como Marcos Leite e Samuel Kerr, revolucionadores do canto coral. Às vezes basta Villa Lobos, mas ele é cansativo. Em outras vezes, Marlui Miranda, que está me fazendo pegar gosto pelos cantos indígenas.
Hoje estou sem propósito, dispersa em muitos fragmentos. Ontem tinha escrito um post que esqueci de salvar, um post despropositado como este, mas com Fernando Pessoa, o que o tornava especial. E hoje não há nada, só o calor, só o sol (isso deveria ser muito e tudo) e o desejo. Mas não aquele, nem este. Um desejo de flanar apenas com a alma. E por isso, não me prendo mais aqui e vou-me, fazer bolinhas de sabão.
Às vezes também tenho de agredecer meu bem estar a pessoas que não conheço, como Marcos Leite e Samuel Kerr, revolucionadores do canto coral. Às vezes basta Villa Lobos, mas ele é cansativo. Em outras vezes, Marlui Miranda, que está me fazendo pegar gosto pelos cantos indígenas.
Hoje estou sem propósito, dispersa em muitos fragmentos. Ontem tinha escrito um post que esqueci de salvar, um post despropositado como este, mas com Fernando Pessoa, o que o tornava especial. E hoje não há nada, só o calor, só o sol (isso deveria ser muito e tudo) e o desejo. Mas não aquele, nem este. Um desejo de flanar apenas com a alma. E por isso, não me prendo mais aqui e vou-me, fazer bolinhas de sabão.
mercredi, février 26, 2003
Eu e minha compulsão por bandas italianas. Mentira, só conheço mesmo Lunapop, e olhe lá. Uma coisa eu digo: o calor europeu é bem mais suportável que esse, e igualmente gostoso. Mas agora lá é inverno. Nunca experimentei nem um inverno caxiense, que dirá um inverno europeu. Mas sei que minha hora chegará um dia, já que fiz certo de ter ido no verão, mesmo.
Olha que metáfora perfeita. Estava na rua, justamente pensando nas porradas que a vida nos dá, quando do nada, surgiu de cima de um muro uma bola de borracha e me atingiu os ombros ardidos de sol. O muro era da EMEF "Leonor Mendes de Barros", onde aliás estive aos 4 e 5 anos de idade. Como a culpa definitivamente não era dos guris, afinal de contas, eles não me viam e pra que eu também tinha de estar passando ali, àquela hora, peguei a bola e a joguei por cima do muro. Era pra devolver, mas se caiu na cabeça de um deles, bem feito.
Madrugada passada chorei horrores. Poemas e coisas assim são foda. Tem sempre um que dispara o gatilho da nossa lembrança, da culpa, de seja lá o que for. E me mandaram um que simplesmente era toda a minha lembrança em claras palavras. E eu não parei de chorar. Mas passou. Vou agüentar, espero, não me lembrar de mais nada e viver minha vida com a tranquilidade que consigo encontrar às vezes. Mas se há um filme que é o filme da minha vida, este é "Magnolia".
A quem estou enganando? Continuo na superfície de uma fossa abissal, à deriva, sempre e sempre. Mas pelo menos eu tento.
O bom de estar queimadíssima é que a pele fica quente, e quando uma brisa entra pela janela e me atinge, ela é muito mais gostosa. Depoimento: Eu estou amando o blog da Diana Zeit. Ele é cinza, melancólico, denso, tudo o que eu não quero que meu blog seja mais, e uma coisa eu percebo, que por pior que nos sintamos quando escrevemos coisas assim, é sempre uma boa experiência lê-las de outras pessoas. Seja o que for que causa a melancolia de Diana, o resultado é uma prosa lindíssima que espero que sirva para, ao menos, deixar-lhe as coisas bem mais claras. Pelo menos pra mim, escrever é o que me permite não me acabar em generosas doses de um anti-depressivo qualquer. Eu não sei se não preciso, mas...
E quanto à minha baiana preferida, eu acho que ela deveria ter um blog também... nem que fosse só para eu ler...rs.
Olha que metáfora perfeita. Estava na rua, justamente pensando nas porradas que a vida nos dá, quando do nada, surgiu de cima de um muro uma bola de borracha e me atingiu os ombros ardidos de sol. O muro era da EMEF "Leonor Mendes de Barros", onde aliás estive aos 4 e 5 anos de idade. Como a culpa definitivamente não era dos guris, afinal de contas, eles não me viam e pra que eu também tinha de estar passando ali, àquela hora, peguei a bola e a joguei por cima do muro. Era pra devolver, mas se caiu na cabeça de um deles, bem feito.
Madrugada passada chorei horrores. Poemas e coisas assim são foda. Tem sempre um que dispara o gatilho da nossa lembrança, da culpa, de seja lá o que for. E me mandaram um que simplesmente era toda a minha lembrança em claras palavras. E eu não parei de chorar. Mas passou. Vou agüentar, espero, não me lembrar de mais nada e viver minha vida com a tranquilidade que consigo encontrar às vezes. Mas se há um filme que é o filme da minha vida, este é "Magnolia".
A quem estou enganando? Continuo na superfície de uma fossa abissal, à deriva, sempre e sempre. Mas pelo menos eu tento.
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O bom de estar queimadíssima é que a pele fica quente, e quando uma brisa entra pela janela e me atinge, ela é muito mais gostosa. Depoimento: Eu estou amando o blog da Diana Zeit. Ele é cinza, melancólico, denso, tudo o que eu não quero que meu blog seja mais, e uma coisa eu percebo, que por pior que nos sintamos quando escrevemos coisas assim, é sempre uma boa experiência lê-las de outras pessoas. Seja o que for que causa a melancolia de Diana, o resultado é uma prosa lindíssima que espero que sirva para, ao menos, deixar-lhe as coisas bem mais claras. Pelo menos pra mim, escrever é o que me permite não me acabar em generosas doses de um anti-depressivo qualquer. Eu não sei se não preciso, mas...
E quanto à minha baiana preferida, eu acho que ela deveria ter um blog também... nem que fosse só para eu ler...rs.
mardi, février 25, 2003
Ah, como eu sentia saudade daqui! Bem... melhor parar de mentir. Não estive nem um pouco inspirada a escrever aqui nos dias anteriores. Mas vejamos... hoje estou? Não sei. Estou é queimadíssima de sol. Só os braços e os ombros. Vergonhoso. E o rosto também. Estou um camarão. É nisso que dá passar a manhã inteira e o começo da tarde num paraíso do litoral chamado Bertioga. Fui entregar um currículo num lugar onde mal lembraram que haviam conversado comigo na quinta passada. Ficaram com aquela cara de "o que essa louca está fazendo aqui nesse fim de mundo"? Eu também me pergunto, dada a cara deles. Mas enfim, entreguei, conversei e quando eles tiverem uma vaga (e eu achando que havia duas, mas tudo bem) vão me chamar. I hope so, porque não fiz quatro anos de faculdade a esmo. Pelo menos dar uma boa revisada naqueles textos ruins que li, eu posso. Em Bertioga também trabalha o meu irmão mais novo, e parte dessa queimadura de segundo grau foi ganha andando do jornal até à prefeitura, mas pelo menos bebi uma água, comi um pudim de leite e respirar o puro ar condicionado. Nunca vi uma prefeitura mais ecológica. Lá, eles não gastam dinheiro com máquinas de podar, aparadores de grama, etc. Eles mantêm cerca de uns 10 cabritinhos, que são soltos durante o dia pra comer todo o mato excedente. Genial, não? Também achei. Esse irmão mais novo nem parece que há anos atrás era meu maior inimigo, o anti-social que não nos olhava na cara, e tal. Será preciso um pai morrer para que certas coisas mudem? Talvez sim. Talvez com a morte de um patriarca certas máscaras caiam. Pra bem e pra mal, que é o que estou vendo acontecer à minha volta. Na volta de lá, fui a uma lanchonetezinha cool, comi um croissant e tomei um Ades... mas nesse meio tempo surgiu um garotinho loiro que me ofereceu um filhotinho de vira-lata que ele encontrou na rua, quase atropelado, e com sede, muita sede. Ele fez por mim o que minha mãe não quis fazer: oferecer-me a permanente companhia de um amigo canino e minorar o isolamento do qual não quero sair, pelos humanos. Eu queria muuuuuuito um cãozito lindo daqueles. Buá.
Já meu fim de semana (querido diário) foi cool. Consegui dar uma pausa para um chopinho (para uma Bohêmia, que é a única cerveja de que gosto), para as surreais conversas com R. e nossas risadas escandalosas, e para a nossa aparência de casal hetero, sendo que tudo o que, solteiríssimos, queremos, é ele, um gatinho, e eu, um gatinho ou uma gatinha...rs. Fato é que havia uma lindíssima no bar, mais alta que eu, cabelos curtos e pretos, um olhar luminosíssimo de diva dos anos 50, um deslumbrante colo à mostra e um gestual muito autêntico. Até fiquei esperançosa, pois ela lançou uns olharezinhos na minha direção... mas enfim, estava conversando com uma mocinha e saíram juntas. Para ela estar me olhando, presumo poderiam não ser nada além de amigas, mas foram embora juntas, fazer o que? Fato é que as batatinhas estavam ótimas, as conversas, absurdas, o Free Ultra Light me deixava tonta (a partir disso, pode-se imaginar que tipo de estrago um baseado causaria em mim? Melhor não tentar, pra que?), e voltei para casa alegrinha e achando a vida muito divertida. Divertida seria se eu conseguisse qualquer emprego ao qual pleiteio.
Já meu fim de semana (querido diário) foi cool. Consegui dar uma pausa para um chopinho (para uma Bohêmia, que é a única cerveja de que gosto), para as surreais conversas com R. e nossas risadas escandalosas, e para a nossa aparência de casal hetero, sendo que tudo o que, solteiríssimos, queremos, é ele, um gatinho, e eu, um gatinho ou uma gatinha...rs. Fato é que havia uma lindíssima no bar, mais alta que eu, cabelos curtos e pretos, um olhar luminosíssimo de diva dos anos 50, um deslumbrante colo à mostra e um gestual muito autêntico. Até fiquei esperançosa, pois ela lançou uns olharezinhos na minha direção... mas enfim, estava conversando com uma mocinha e saíram juntas. Para ela estar me olhando, presumo poderiam não ser nada além de amigas, mas foram embora juntas, fazer o que? Fato é que as batatinhas estavam ótimas, as conversas, absurdas, o Free Ultra Light me deixava tonta (a partir disso, pode-se imaginar que tipo de estrago um baseado causaria em mim? Melhor não tentar, pra que?), e voltei para casa alegrinha e achando a vida muito divertida. Divertida seria se eu conseguisse qualquer emprego ao qual pleiteio.
jeudi, février 20, 2003
Ouço a lindinha da Dido nessa manhã que se aproxima de um meio-dia feito de sol radiante, nuvens espessas e um vento daqueles de quando a gente abre o forno pra ver se o bolo já está bom. Esse vento, chamamos aqui no litoral de "noroeste", mas eu, que morei no noroeste do Estado, em Bauru, constatei que não sei realmente de onde vem esse vento. O fato é que meu pijama novo de seda minora um pouco essa sensação de calor abafado, e dá ainda uma consistência de sonho ao meu dia tão dolorosamente palpável.
Sonhos, há quanto tempo, hein? Tive um daqueles sonhos rocambolescos, surreais, intermináveis e incompreensíveis, de quase sempre. Vou começar de onde me lembro, embora nunca me lembre dos meus sonhos em seqüência. Sonhei com o cadáver do meu pai no necrotério. A investigação de sua morte corria como um episódio de CSI. Ao invés do real infarto, parece que ele tinha morrido com um sorvete enfiado na cabeça (e só nos meus sonhos mesmo, um sorvete é duro o suficiente para atravessar um crânio). Eu não tinha coragem de ver, enfim. Mas além desse sorvete estar na cabeça do meu pai, ele tinha sido borrifado com algum tipo de veneno, o qual os legistas estavam testando em uma bancada de laboratório. A cena corta para dentro de um carro marrom que suspeitei ser um Dodge. Eu estava dentro do Dodge com uma mulher e uma criança. E a criança, aos poucos, começava a passar muito mal, apesar de ser ela que dirigia o carro. Paramos o carro na estrada, chamamos uma ambulância, e a mulher e o menino se foram (lembrei também, que antes do meu pai morrer com o sorvete na cabeça, era Natal em casa e estavam aqui ele e o meu irmão mais novo, sendo que eu e minha mãe quebrávamos um pau antológico, porque ela tinha mudado tudo no meu quarto de lugar, e alegava que a casa era dela e ela fazia o que queria - ela alega esse tipo de coisa sempre - eles se solidarizavam comigo, mas não adiantou muito. Afinal, ela me ofereceu algum dinheiro, que deduzi ser para que eu me fosse dali, e peguei o dinheiro e me fui). Estava, portanto, sozinha na estrada, numa tarde de verão. Comecei a andar em direção a não sei o que, seguindo a avenida marginal, e fui parar em um posto de beira de estrada, diante do qual havia um ponto de ônibus. Mas, depois de um tempo lá, reparei que estava no sentido errado da estrada. Melhor seria voltar para São Paulo, e dali pegar um ônibus para Curitiba. Apesar de achar que havia dormido muito, ainda talvez houvesse tempo para interceptar algum ônibus que já estivesse no caminho. Atravessei a estrada, e passei a andar em busca de outro posto, com outro ponto. Mas me desviei: comecei a subir uma colina, de onde via uma estranha ponte, ao longe. E de repente o menino que passara mal estava de volta. E ambos, sem que nos déssemos conta, procurávamos a mulher que estivera no carro conosco. Deitamo-nos na relva e começamos a ler poesia. E aí acordei. Ando mesmo tendo sonhos estranhos e fugazes, talvez por conta da persiana da janela do meu quarto ter quebrado, e eu só dormir de janela muito aberta, com a luz da manhã entrando pelo meu quarto.
Blógue novo por aqui. É o de Diana Zeit (Zeitung, Zeitgeist... essas coisas alemãs acerca do tempo são realmente interessantes), "Contra o tempo". Parece que mantém a linha dos blógues confessionais e profundamente melancólicos. E eu gosto, nem Deus sabe como.
Sonhos, há quanto tempo, hein? Tive um daqueles sonhos rocambolescos, surreais, intermináveis e incompreensíveis, de quase sempre. Vou começar de onde me lembro, embora nunca me lembre dos meus sonhos em seqüência. Sonhei com o cadáver do meu pai no necrotério. A investigação de sua morte corria como um episódio de CSI. Ao invés do real infarto, parece que ele tinha morrido com um sorvete enfiado na cabeça (e só nos meus sonhos mesmo, um sorvete é duro o suficiente para atravessar um crânio). Eu não tinha coragem de ver, enfim. Mas além desse sorvete estar na cabeça do meu pai, ele tinha sido borrifado com algum tipo de veneno, o qual os legistas estavam testando em uma bancada de laboratório. A cena corta para dentro de um carro marrom que suspeitei ser um Dodge. Eu estava dentro do Dodge com uma mulher e uma criança. E a criança, aos poucos, começava a passar muito mal, apesar de ser ela que dirigia o carro. Paramos o carro na estrada, chamamos uma ambulância, e a mulher e o menino se foram (lembrei também, que antes do meu pai morrer com o sorvete na cabeça, era Natal em casa e estavam aqui ele e o meu irmão mais novo, sendo que eu e minha mãe quebrávamos um pau antológico, porque ela tinha mudado tudo no meu quarto de lugar, e alegava que a casa era dela e ela fazia o que queria - ela alega esse tipo de coisa sempre - eles se solidarizavam comigo, mas não adiantou muito. Afinal, ela me ofereceu algum dinheiro, que deduzi ser para que eu me fosse dali, e peguei o dinheiro e me fui). Estava, portanto, sozinha na estrada, numa tarde de verão. Comecei a andar em direção a não sei o que, seguindo a avenida marginal, e fui parar em um posto de beira de estrada, diante do qual havia um ponto de ônibus. Mas, depois de um tempo lá, reparei que estava no sentido errado da estrada. Melhor seria voltar para São Paulo, e dali pegar um ônibus para Curitiba. Apesar de achar que havia dormido muito, ainda talvez houvesse tempo para interceptar algum ônibus que já estivesse no caminho. Atravessei a estrada, e passei a andar em busca de outro posto, com outro ponto. Mas me desviei: comecei a subir uma colina, de onde via uma estranha ponte, ao longe. E de repente o menino que passara mal estava de volta. E ambos, sem que nos déssemos conta, procurávamos a mulher que estivera no carro conosco. Deitamo-nos na relva e começamos a ler poesia. E aí acordei. Ando mesmo tendo sonhos estranhos e fugazes, talvez por conta da persiana da janela do meu quarto ter quebrado, e eu só dormir de janela muito aberta, com a luz da manhã entrando pelo meu quarto.
Blógue novo por aqui. É o de Diana Zeit (Zeitung, Zeitgeist... essas coisas alemãs acerca do tempo são realmente interessantes), "Contra o tempo". Parece que mantém a linha dos blógues confessionais e profundamente melancólicos. E eu gosto, nem Deus sabe como.
mardi, février 18, 2003
Fim do horário de verão, folks. Finalmente. Na manhã de ontem, vi uma coisa muito bonita. Não consegui dormir, sabem? Não deu... fiquei sonhando acordada e conversando com meu diabo e meu anjo. E como o horário de verão acabou, a aurora veio mais cedo e ela foi linda e rosada, tão bonita quanto um poente. E logo depois, em meio ao rosa do céu, as nuvens cinzas que estavam bem acima da minha cabeça começaram a chover. E conforme os minutos iam passando, a chuva aumentava e o rosa sumia e depois só sobrou uma chuva torrencial que tornou tudo muito gostoso de ser abraçado, querido e dormido. Pois eu dormi tudo à minha volta. Dormi minha cama, meu travesseiro, dormi a saudade no meu corpo e dormi a mim mesma com o barulho da chuva que teve um ar primaveril. E meu demônio e meu anjo abraçaram-se e dormiram também.
E o Cápsula já estreou. Não sei se foi muito barulho por nada, mas espero que esse primeiro número tenha ao menos despertado o interesse de quem o assinou. Eu assinei (rs). Vocês não? Estou numa fase inspirada. Não só no blog (enfim, nem sei se pareço inspirada aqui, whatever), mas também para escrever outros textos, em outros lugares, inspirada por certas coisas do mundo. A pior fonte de inspiração, admito, é a iminente guerra, mas acredito que é uma fonte de boa inspiração, sobretudo quando estamos inclinados a usar nossas palavras para estimular a reflexão acerca dessa infinita estupidez. Mas creio que tanta coisa esteja sim, surtindo efeito. É só ligar a TV e ver o quanto em todo mundo, as pessoas estão se reunindo para marchar e protestar. E não pensem que isso também não ocorre nos próprios EUA. Ocorrem sim, mas sua media que nada mais é do que um mal disfarçado instrumento da propaganda deles (lembram-se do DIP? Nem eu, mas deveríamos) não tem a dignidade de mostrá-los. O que podemos fazer é insistentemente nos inflamarmos contra isso. Seja com um texto ali, outro aqui, uma nudez esporádica, uma cartolina qualquer, mas que sejamos todos a fazê-lo de alguma maneira. Ou então, sejamos poetas. Vão lá no Hiperfocus saber como...
E o Cápsula já estreou. Não sei se foi muito barulho por nada, mas espero que esse primeiro número tenha ao menos despertado o interesse de quem o assinou. Eu assinei (rs). Vocês não? Estou numa fase inspirada. Não só no blog (enfim, nem sei se pareço inspirada aqui, whatever), mas também para escrever outros textos, em outros lugares, inspirada por certas coisas do mundo. A pior fonte de inspiração, admito, é a iminente guerra, mas acredito que é uma fonte de boa inspiração, sobretudo quando estamos inclinados a usar nossas palavras para estimular a reflexão acerca dessa infinita estupidez. Mas creio que tanta coisa esteja sim, surtindo efeito. É só ligar a TV e ver o quanto em todo mundo, as pessoas estão se reunindo para marchar e protestar. E não pensem que isso também não ocorre nos próprios EUA. Ocorrem sim, mas sua media que nada mais é do que um mal disfarçado instrumento da propaganda deles (lembram-se do DIP? Nem eu, mas deveríamos) não tem a dignidade de mostrá-los. O que podemos fazer é insistentemente nos inflamarmos contra isso. Seja com um texto ali, outro aqui, uma nudez esporádica, uma cartolina qualquer, mas que sejamos todos a fazê-lo de alguma maneira. Ou então, sejamos poetas. Vão lá no Hiperfocus saber como...
dimanche, février 16, 2003
Sei que agora serei malhada por um certo português, ao ouvir Yann Tiersen... rs. Mas é o que estou ouvindo, tive vontade, afinal. O calor voltou a ser dos mais abrasadores, mesmo assim, não é nada que uma garrafa de água gelada e um vestidinho curto de botões na frente não resolva. Os passeios valeram a pena, pude conversar um pouco com N., embora da próxima vez, vou fazê-la ficar aqui em casa.
Acordei cedo, hoje. Uma das vantagens da volta do horário de inverno. Tive de ver minha mãe chorando com saudade do meu pai. E dessa vez também tive de segurar o choro, pois a saudade é grande. Tento acreditar naquela peça que pregam às crianças... "teu pai foi viajar"... enquanto o tempo normal de uma viagem não se expira, não sinto tanto sua falta física, afinal já fiquei meses e meses sem vê-lo. Mas e quando derem 4, 5 ou 6 meses? Onde estará ele senão dentro de mim?
Em relação ao certo português, ele faz parte de uma banda que só tem uma demo, e mesmo assim vale a pena por sua densidade e riqueza harmônica: Cais de Veludo. Também adorei o nome, e adoro que nossa língua possa ser aquela que tem uma riqueza enorme, ainda mais intensificada pelas vertentes da Europa, América, África e Ásia. É triste considerar o português como uma língua periférica, mas enfim. São eles, os senhores da Guerra, que andam achando que mandam (e mandam, hélas) no mundo, ainda que ontem tenha havido plenas e numerosas manifestações em todo o mundo. A verdade é que há gente que não se permite omitir e isso é bom. Enquanto isso na nossa periferia lingüística, o nome Cais de Veludo me remete a coisas lusamente prazerosas, como o frio da noite e o quente do interior de uma biblioteca, algo assim. Mas cá estou, no Brasil e o que me circunda é um ar morno e úmido, um céu azul de brigadeiro e o cheiro da maresia.
Alguém gosta do Mochilão MTV? Eu gosto, e não é só por causa da Fernanda Lima...rs.
Acordei cedo, hoje. Uma das vantagens da volta do horário de inverno. Tive de ver minha mãe chorando com saudade do meu pai. E dessa vez também tive de segurar o choro, pois a saudade é grande. Tento acreditar naquela peça que pregam às crianças... "teu pai foi viajar"... enquanto o tempo normal de uma viagem não se expira, não sinto tanto sua falta física, afinal já fiquei meses e meses sem vê-lo. Mas e quando derem 4, 5 ou 6 meses? Onde estará ele senão dentro de mim?
Em relação ao certo português, ele faz parte de uma banda que só tem uma demo, e mesmo assim vale a pena por sua densidade e riqueza harmônica: Cais de Veludo. Também adorei o nome, e adoro que nossa língua possa ser aquela que tem uma riqueza enorme, ainda mais intensificada pelas vertentes da Europa, América, África e Ásia. É triste considerar o português como uma língua periférica, mas enfim. São eles, os senhores da Guerra, que andam achando que mandam (e mandam, hélas) no mundo, ainda que ontem tenha havido plenas e numerosas manifestações em todo o mundo. A verdade é que há gente que não se permite omitir e isso é bom. Enquanto isso na nossa periferia lingüística, o nome Cais de Veludo me remete a coisas lusamente prazerosas, como o frio da noite e o quente do interior de uma biblioteca, algo assim. Mas cá estou, no Brasil e o que me circunda é um ar morno e úmido, um céu azul de brigadeiro e o cheiro da maresia.
Alguém gosta do Mochilão MTV? Eu gosto, e não é só por causa da Fernanda Lima...rs.
vendredi, février 14, 2003
My head is aching.
O calor deu uma trégua, o horário de verão termina amanhã, mais trégua ainda para o calor... N. está na cidade. Gosto dela, de conversar com ela, e de sentir seu semblante esperto e irônico. Talvez saiamos para beber alguma coisa, a pena de tudo é que não podemos ir a outro lugar, é sempre o mesmo bar, não por ausência de criatividade de nossa parte, mas isso são outros quinhentos. O que importa mesmo é passar momentos agradáveis, e creio que isso será possível hoje.
Hoje me inscrevi numa frente de trabalho, da prefeitura. Meu desespero é justificado. Quero ter recursos para o meu projeto, e não quero ouvir reclamações de mãe. Mas acho que não vou conseguir. Não tenho o perfil necessário, que é o de quem realmente precisa de um trabalho para sustentar a família, e tal. Perguntaram-me se era deficiente física. Aparentemente não. Se eu já estive presa. Só em princípios e conceitos ultrapassados, mas estou em liberdade condicional. Alguma reabilitação? Ainda não... ainda não consegui me reabilitar de nenhum dos meus vícios, considere-se leitura, escrita e paixão. Ou seja... como não tenho filhos a sustentar, aluguel a pagar, dão a oportunidade a quem realmente precisa. De qualquer maneira, se precisarem de mim, vão me mandar um telegrama... o bom é que eu nunca recebi um telegrama com má notícia, então o que vier é lucro.
Seguinte: dá sempre tempo de assinar. O Cápsula estréia nesse domingo, com ótimos textos. Propaganda é a alma do negócio, folks...
O calor deu uma trégua, o horário de verão termina amanhã, mais trégua ainda para o calor... N. está na cidade. Gosto dela, de conversar com ela, e de sentir seu semblante esperto e irônico. Talvez saiamos para beber alguma coisa, a pena de tudo é que não podemos ir a outro lugar, é sempre o mesmo bar, não por ausência de criatividade de nossa parte, mas isso são outros quinhentos. O que importa mesmo é passar momentos agradáveis, e creio que isso será possível hoje.
Hoje me inscrevi numa frente de trabalho, da prefeitura. Meu desespero é justificado. Quero ter recursos para o meu projeto, e não quero ouvir reclamações de mãe. Mas acho que não vou conseguir. Não tenho o perfil necessário, que é o de quem realmente precisa de um trabalho para sustentar a família, e tal. Perguntaram-me se era deficiente física. Aparentemente não. Se eu já estive presa. Só em princípios e conceitos ultrapassados, mas estou em liberdade condicional. Alguma reabilitação? Ainda não... ainda não consegui me reabilitar de nenhum dos meus vícios, considere-se leitura, escrita e paixão. Ou seja... como não tenho filhos a sustentar, aluguel a pagar, dão a oportunidade a quem realmente precisa. De qualquer maneira, se precisarem de mim, vão me mandar um telegrama... o bom é que eu nunca recebi um telegrama com má notícia, então o que vier é lucro.
Seguinte: dá sempre tempo de assinar. O Cápsula estréia nesse domingo, com ótimos textos. Propaganda é a alma do negócio, folks...
Estou ouvindo um monte de Karnak. "Comendo uva na chuva", agora. E me encrencando entre linhas, guias, tamanhos de fonte, caracteres necessários para preencher cinco páginas e que imagens colocar nelas. Meu projeto. Claro que quero que as melhores páginas, as mais bem planejadas, sejam aquelas em que estará a reportagem sobre Hemingway. Mas... está sendo a mais difícil, claro, justamente aquela em que não estou conseguindo me concentrar, tanto que estou aqui, escrevendo sobre nada específico.
Sonhei, sim, mas cada vez menos me lembro. Acho que houve Curitiba, houve viagens... não sei mais nada. No verão, me lembro menos do que sonho, e outros sonhos me acometem quando estou acordada. E cochilos, para mim, são sempre dotados de alguns segundos de suplício, em que acordo numa pseudo-consciência que não é de fato um despertar concreto. Estou falando sério. Isto está começando a me preocupar, sempre que cochilo é isto.
Olha, Alex, não sei o que faria se estivesse em Londres. Acho que além dos museus, minha vida noturna seria das melhores. Porque acho que ir a Londres e não ferver, mesmo quando se é caseira, é um puta desperdício. Acontece que minhas referências de Londres têm muito mais a ver com as lembranças de uma festa de aniversário minha, em que M.R. tomou um quarto do uísque Grant's do meu irmão, e ficou falando da estátua do Almirante Nelson, na Trafalgar Square, e contava seus feitos, além de ter achado um gancho para a Batalha de Alcácer-Quibir e o sumiço do Rei D. Sebastião. E como os Beatles são de Liverpool e os Smiths, de Manchester, eu não tenho mais muito o que pensar.
Sonhei, sim, mas cada vez menos me lembro. Acho que houve Curitiba, houve viagens... não sei mais nada. No verão, me lembro menos do que sonho, e outros sonhos me acometem quando estou acordada. E cochilos, para mim, são sempre dotados de alguns segundos de suplício, em que acordo numa pseudo-consciência que não é de fato um despertar concreto. Estou falando sério. Isto está começando a me preocupar, sempre que cochilo é isto.
Olha, Alex, não sei o que faria se estivesse em Londres. Acho que além dos museus, minha vida noturna seria das melhores. Porque acho que ir a Londres e não ferver, mesmo quando se é caseira, é um puta desperdício. Acontece que minhas referências de Londres têm muito mais a ver com as lembranças de uma festa de aniversário minha, em que M.R. tomou um quarto do uísque Grant's do meu irmão, e ficou falando da estátua do Almirante Nelson, na Trafalgar Square, e contava seus feitos, além de ter achado um gancho para a Batalha de Alcácer-Quibir e o sumiço do Rei D. Sebastião. E como os Beatles são de Liverpool e os Smiths, de Manchester, eu não tenho mais muito o que pensar.
jeudi, février 13, 2003
Ah... Nosso Sinhô, sinhô das água, das chuva, dus vento, dus á, dos verdi, das pranta, das gente, chuva nos dá...
não... não voltei a ser cristã, mas estou feliz por esse breve e forte temporal que São Pedro enviou depois de tanto protelar.
Now, "Música Urbana 2", com a Cássia Eller. Aliás, tem um clipe que passa na MTV, feito de vídeos caseiros de Cássia, acho que homenageando o Chicão, ou algo assim, que acho muito querido. Uma graça. Dá vontade de ser mãe. Acho que o verão me deixou assim, com a feminilidade mais aflorada que nunca, querendo ser mãe, amante, donzela, princesa, guerreira, bruxa e tudo o que puder ser. Mulher. Menina. Cássia Eller era masculina, abacate, etc, etc. Nunca achei isso. Sempre consegui ver uma feminilidade, embora selvática, primitiva, naquela mulher andrógina, algo que emanava dela sem que precisasse transparecer em roupas, cabelos ou atitudes. Ela jogava bola com o Chicão, cuspia pro lado no palco, coçava o saco, sei lá. Sim... mas tinha orgulho dos seus seios inchados de leite, pariu e experimentou esse doloroso e estranho prazer que é (deve ser) dar à luz. E dar à luz deve ser também emitir luz própria, e conseguir enxergar mais luz nas coisas, ao menos quando não constatamos que "a mão que afaga é da mãe que afoga", porque o instinto materno não é assim tão instintivo. Eu por exemplo, sempre odiei brincar de boneca e agora ando com vontade de ter um barrigão e de enjoar, de fazer um monte de xixi, pré-natal, não dormir direito, tudo isso em nome do único amor realmente incondicional. Mas passa...rs. Passa porque não posso, não quero, e nas minhas condições atuais, não devo, e se isso continuar, também continuarei a não poder.
E agora, "How Insensitive", com Astrud Gilberto.
Pensando, sabem em que? Não em que, mas em quem.
Noite passada, uma colega de blog, querida, viu a minha lista de "eu nunca" e recebeu uma foto minha que lhe mandei. Disse que a partir daquele momento, sentia a mim, mais humana e menos amendrontadora. Olha só. Fiquei meio perplexa, pois nunca me passou pela cabeça amedrontar alguém, nem me auto-mitificar, nem parecer o que não sou. Aqueles "eu nunca" são verdadeiros, assim como os "eu já". Eu nunca fiz muita coisa que daria a impressão de que sou vivida e intensa, e tudo mais, e já fiz outras que provam que eu sou só uma menina que tem muitas vontades, e consegue realizar algumas delas, e que comporta em si tanto a possibilidade de ser tudo como a tranqüilidade de apenas ser o que se é. O que me faz lembrar da letra de uma música muito fofa do Kleiton & Kledir (para os desconhecidos do pop gaúcho do começo dos anos 80, eles não são uma dupla caipira), "Estrela, estrela":
Estrela, estrela,
como ser assim?
Tão só, tão só, e nunca sofrer?
Brilhar, brilhar, quase sem querer
Deixar, deixar, ser o que se é.
Essa é uma das músicas de que mais gosto, e das letras também.
não... não voltei a ser cristã, mas estou feliz por esse breve e forte temporal que São Pedro enviou depois de tanto protelar.
Now, "Música Urbana 2", com a Cássia Eller. Aliás, tem um clipe que passa na MTV, feito de vídeos caseiros de Cássia, acho que homenageando o Chicão, ou algo assim, que acho muito querido. Uma graça. Dá vontade de ser mãe. Acho que o verão me deixou assim, com a feminilidade mais aflorada que nunca, querendo ser mãe, amante, donzela, princesa, guerreira, bruxa e tudo o que puder ser. Mulher. Menina. Cássia Eller era masculina, abacate, etc, etc. Nunca achei isso. Sempre consegui ver uma feminilidade, embora selvática, primitiva, naquela mulher andrógina, algo que emanava dela sem que precisasse transparecer em roupas, cabelos ou atitudes. Ela jogava bola com o Chicão, cuspia pro lado no palco, coçava o saco, sei lá. Sim... mas tinha orgulho dos seus seios inchados de leite, pariu e experimentou esse doloroso e estranho prazer que é (deve ser) dar à luz. E dar à luz deve ser também emitir luz própria, e conseguir enxergar mais luz nas coisas, ao menos quando não constatamos que "a mão que afaga é da mãe que afoga", porque o instinto materno não é assim tão instintivo. Eu por exemplo, sempre odiei brincar de boneca e agora ando com vontade de ter um barrigão e de enjoar, de fazer um monte de xixi, pré-natal, não dormir direito, tudo isso em nome do único amor realmente incondicional. Mas passa...rs. Passa porque não posso, não quero, e nas minhas condições atuais, não devo, e se isso continuar, também continuarei a não poder.
E agora, "How Insensitive", com Astrud Gilberto.
Pensando, sabem em que? Não em que, mas em quem.
Noite passada, uma colega de blog, querida, viu a minha lista de "eu nunca" e recebeu uma foto minha que lhe mandei. Disse que a partir daquele momento, sentia a mim, mais humana e menos amendrontadora. Olha só. Fiquei meio perplexa, pois nunca me passou pela cabeça amedrontar alguém, nem me auto-mitificar, nem parecer o que não sou. Aqueles "eu nunca" são verdadeiros, assim como os "eu já". Eu nunca fiz muita coisa que daria a impressão de que sou vivida e intensa, e tudo mais, e já fiz outras que provam que eu sou só uma menina que tem muitas vontades, e consegue realizar algumas delas, e que comporta em si tanto a possibilidade de ser tudo como a tranqüilidade de apenas ser o que se é. O que me faz lembrar da letra de uma música muito fofa do Kleiton & Kledir (para os desconhecidos do pop gaúcho do começo dos anos 80, eles não são uma dupla caipira), "Estrela, estrela":
Estrela, estrela,
como ser assim?
Tão só, tão só, e nunca sofrer?
Brilhar, brilhar, quase sem querer
Deixar, deixar, ser o que se é.
Essa é uma das músicas de que mais gosto, e das letras também.
mercredi, février 12, 2003
Sem sono, sem saber o que escrever, o que pensar, o que sentir, o que comer, o que ler... pela pura falta do que fazer, então...
faço minha lista de "eu nunca". Já que tem tanta coisa que eu não fiz. E que hei de fazer ou não.
Eu nunca corri risco de vida, que eu saiba
Eu nunca tomei uma champagne num terraço de café em Paris
Eu nunca morei com alguém com quem tinha um relacionamento amoroso
Eu nunca desisti de viver
Eu nunca quis parar de tentar ser feliz
Eu nunca achei certas coisas suficientes na minha vida, como amor
Eu nunca passei fome de verdade
Eu nunca quis magoar quem não merecia (mas, claro, já o fiz)
Eu nunca quebrei nenhum osso do meu corpo (nem do corpo de outrem, que fique claro)
Eu nunca acampei
Eu nunca dei crédito aos Estados Unidos, em matéria de seriedade política
Eu nunca votei em alguém sem ter bons motivos para isso
Eu nunca fiz sexo anal
Eu nunca fiquei com o olho roxo
Eu nunca fui à Bahia
Eu nunca dirigi um carro
Eu nunca pulei de bungee jump
Eu nunca voei de asa delta
Eu nunca mergulhei nem com snorkel
Eu nunca tive de tomar glicose no hospital
Eu nunca engoli... nevermind...rs.
Eu nunca larguei tudo por amor... ainda.
Eu nunca namorei por mais de cinco meses
Eu nunca... eu nunca deixei de ir dormir só para ficar escrevendo essas listas inúteis...rs.
Sorry. E beijos a todos.
faço minha lista de "eu nunca". Já que tem tanta coisa que eu não fiz. E que hei de fazer ou não.
Eu nunca corri risco de vida, que eu saiba
Eu nunca tomei uma champagne num terraço de café em Paris
Eu nunca morei com alguém com quem tinha um relacionamento amoroso
Eu nunca desisti de viver
Eu nunca quis parar de tentar ser feliz
Eu nunca achei certas coisas suficientes na minha vida, como amor
Eu nunca passei fome de verdade
Eu nunca quis magoar quem não merecia (mas, claro, já o fiz)
Eu nunca quebrei nenhum osso do meu corpo (nem do corpo de outrem, que fique claro)
Eu nunca acampei
Eu nunca dei crédito aos Estados Unidos, em matéria de seriedade política
Eu nunca votei em alguém sem ter bons motivos para isso
Eu nunca fiz sexo anal
Eu nunca fiquei com o olho roxo
Eu nunca fui à Bahia
Eu nunca dirigi um carro
Eu nunca pulei de bungee jump
Eu nunca voei de asa delta
Eu nunca mergulhei nem com snorkel
Eu nunca tive de tomar glicose no hospital
Eu nunca engoli... nevermind...rs.
Eu nunca larguei tudo por amor... ainda.
Eu nunca namorei por mais de cinco meses
Eu nunca... eu nunca deixei de ir dormir só para ficar escrevendo essas listas inúteis...rs.
Sorry. E beijos a todos.
mardi, février 11, 2003
Como diria minha amiga Vivi (sumida, mas isso não surtirá efeito. Ela não tem o hábito de ler meu blog), vamos aos termos corretos. Hoje estou me sentindo raivosa e determinada a ferir pelo prazer de ferir. Não é sempre que isso acontece, na verdade, o impulso é de sempre ferir a mim mesma de alguma maneira. Mas hoje não. Estou ofensiva, dentes afiados, unhas e ouvidos em alerta como um gato siamês maluco. Aliás... siameses sempre fazem parte da minha vida, de alguma forma.
Ella Fitzgerald no meu player, Hemingway em minha cabeça, tantos alguéns no meu coração, entre personalidades sutis, outras tanto quando poderia ser um elefante na tal loja de louças, outras ainda, silenciosas e portanto perigosas... e na minha cabeça há mais do que Hemingway, também, há a expectativa da estréia do Cápsula, há a retomada do meu projeto, há meus projetos mais visionários e talvez ilusórios, típicos de mim, mas sei que todo mundo achava Paris algo que um tanto ilusório na minha vida, e eu fui, então pronto.
Eu também sinto uma vontade muito líquida, de me deixar esvair, fluir... ando ficando fraca de vontade de amar. Martha Medeiros pra ilustrar:
se tocar James brown e eu estiver de vermelho
se for madrugada e você meio bêbado
se não for o Brooklin mas parecido
me chame de baby
me rasgue o vestido
Poesia Reunida, L&PM
E ouvindo "Zapping" da banda italiana Lunapop. Sonzinho legal, garanto.
Ella Fitzgerald no meu player, Hemingway em minha cabeça, tantos alguéns no meu coração, entre personalidades sutis, outras tanto quando poderia ser um elefante na tal loja de louças, outras ainda, silenciosas e portanto perigosas... e na minha cabeça há mais do que Hemingway, também, há a expectativa da estréia do Cápsula, há a retomada do meu projeto, há meus projetos mais visionários e talvez ilusórios, típicos de mim, mas sei que todo mundo achava Paris algo que um tanto ilusório na minha vida, e eu fui, então pronto.
Eu também sinto uma vontade muito líquida, de me deixar esvair, fluir... ando ficando fraca de vontade de amar. Martha Medeiros pra ilustrar:
se tocar James brown e eu estiver de vermelho
se for madrugada e você meio bêbado
se não for o Brooklin mas parecido
me chame de baby
me rasgue o vestido
Poesia Reunida, L&PM
E ouvindo "Zapping" da banda italiana Lunapop. Sonzinho legal, garanto.
lundi, février 10, 2003
dimanche, février 09, 2003
Hum! Voilà... o casamento de F.
Achei lindo. Logo eu, que como "n" pessoas, acha que o casamento é uma instituição falida, etc, etc... até chorei. Feliz demais por ela estar ali naquele altar, com um vestido branco absolutamente puro, brilhante, lindo. O noivo estava emocionado, coisa boa de se ver. Pareciam crianças, que quando fazem de conta que vivem a vida de gente grande, o fazem com muita emoção. A mãe dela estava entre feliz e arrasada, por "perder" a filha que mais ficou do lado dela...
A festa tbm foi bem legal. Ar condicionado no salão. A melhor coisa da noite...rs. Revi apenas duas amigas da época da escola. Paciência.. sabia que não veria mais que isso... mas foi legal. Eu tive que fingir que não mudei tanto, e se elas mudaram tanto quanto, eu, fingiram muito bem... :-) O engraçado é que uma delas perguntou: "e aí, quando vc vai pra Paris?"... e eu: "já fui, fofa!!!! :-) E voltei há muuuito tempo!" Será que alguém realmente achou que eu não conseguiria realizar meu sonho? A Fer realizou o dela. Casou numa cerimônia linda, cuja beleza e felicidade espero que se estenda anos afora.
Achei lindo. Logo eu, que como "n" pessoas, acha que o casamento é uma instituição falida, etc, etc... até chorei. Feliz demais por ela estar ali naquele altar, com um vestido branco absolutamente puro, brilhante, lindo. O noivo estava emocionado, coisa boa de se ver. Pareciam crianças, que quando fazem de conta que vivem a vida de gente grande, o fazem com muita emoção. A mãe dela estava entre feliz e arrasada, por "perder" a filha que mais ficou do lado dela...
A festa tbm foi bem legal. Ar condicionado no salão. A melhor coisa da noite...rs. Revi apenas duas amigas da época da escola. Paciência.. sabia que não veria mais que isso... mas foi legal. Eu tive que fingir que não mudei tanto, e se elas mudaram tanto quanto, eu, fingiram muito bem... :-) O engraçado é que uma delas perguntou: "e aí, quando vc vai pra Paris?"... e eu: "já fui, fofa!!!! :-) E voltei há muuuito tempo!" Será que alguém realmente achou que eu não conseguiria realizar meu sonho? A Fer realizou o dela. Casou numa cerimônia linda, cuja beleza e felicidade espero que se estenda anos afora.
samedi, février 08, 2003
100 Poetas Contra a Guerra [em português]
Os recentes acontecimentos em torno do Iraque têm mobilizado diversas pessoas ao redor do mundo contra a Guerra. Infelizmente, interesses econômicos, vaidades pessoais e desejos de poder mais uma vez estão sobrepujando a coerência, o bom senso e a paz. Sabemos que ao final de um conflito, centenas, milhares e, quem sabe, dezenas de milhares de pessoas inocentes irão morrer. O Iraque já se encontra debilitado. Cólera, tuberculose, doenças de pele e dos mais variados tipos graçam neste país devido às várias guerras anteriores e ao embargo da ONU. Sempre sofreram aqueles que nada a tem a ver com nada. É a linha de frente que morre. Acreditamos que aqueles que desejam uma outra persperctiva para o planeta, mais solidária e pacífica, devem lutar, cada qual da sua melhor forma, contra este conflito liderado pelos Estados Unidos. Há cerca de um mês, um poeta de Montreal chamado Todd Swift elaborou um chamado para poetas em língua inglesa em todo o mundo convocando para escreverem poemas contra a guerra no Iraque. O resultado foi avassalador - 400 poemas em menos de uma semana. Após uma seleção, os 400 se transformaram em um arquivo-texto chamado 100 poetas contra a guerra!
Motivados pela idéia estamos convocando todos os escritores em língua portuguesa para escreverem poemas contra este ato de insensatez. A campanha começa hoje, sábado dia 8 de fevereiro, e irá terminar no próximo sábado, dia 15. Contem para os amigos, espalhem pela internet e todos os cantos. Poetas lutando contra a morte, lutando contra a arrogância, escrevendo pela PAZ!
Mandem seus poemas para o e-mail hiperfocus@yahoo.com.br
Serão selecionados 100 poemas de todos os enviados para a publicação online de um arquivo-texto contendo este manifesto!
Os recentes acontecimentos em torno do Iraque têm mobilizado diversas pessoas ao redor do mundo contra a Guerra. Infelizmente, interesses econômicos, vaidades pessoais e desejos de poder mais uma vez estão sobrepujando a coerência, o bom senso e a paz. Sabemos que ao final de um conflito, centenas, milhares e, quem sabe, dezenas de milhares de pessoas inocentes irão morrer. O Iraque já se encontra debilitado. Cólera, tuberculose, doenças de pele e dos mais variados tipos graçam neste país devido às várias guerras anteriores e ao embargo da ONU. Sempre sofreram aqueles que nada a tem a ver com nada. É a linha de frente que morre. Acreditamos que aqueles que desejam uma outra persperctiva para o planeta, mais solidária e pacífica, devem lutar, cada qual da sua melhor forma, contra este conflito liderado pelos Estados Unidos. Há cerca de um mês, um poeta de Montreal chamado Todd Swift elaborou um chamado para poetas em língua inglesa em todo o mundo convocando para escreverem poemas contra a guerra no Iraque. O resultado foi avassalador - 400 poemas em menos de uma semana. Após uma seleção, os 400 se transformaram em um arquivo-texto chamado 100 poetas contra a guerra!
Motivados pela idéia estamos convocando todos os escritores em língua portuguesa para escreverem poemas contra este ato de insensatez. A campanha começa hoje, sábado dia 8 de fevereiro, e irá terminar no próximo sábado, dia 15. Contem para os amigos, espalhem pela internet e todos os cantos. Poetas lutando contra a morte, lutando contra a arrogância, escrevendo pela PAZ!
Mandem seus poemas para o e-mail hiperfocus@yahoo.com.br
Serão selecionados 100 poemas de todos os enviados para a publicação online de um arquivo-texto contendo este manifesto!
Outro flash madrugadeiro e calorento:
O Flávio, do Hiperfocus, está muitíssimo a fim (e com todo apoio de minha pessoa e de todo mundo, assim espero) de lançar aqui no Brasil a campanha "100 poetas contra a guerra [Brasil]", para poesias de língua portuguesa, estendendo a idéia original do canadense Todd Swift.
Quem quiser fazer sua contribuição e/ou saber mais a esse respeito (depois eu vou colocar um bannerzinho aí do lado), pode escrever para hiperfocus@yahoo.com.br.
Ah! ele está esperando os poemas de todo mundo. A "largada" é amanhã, e ele coletará os poemas até o dia 15 de fevereiro. Participem!
O Flávio, do Hiperfocus, está muitíssimo a fim (e com todo apoio de minha pessoa e de todo mundo, assim espero) de lançar aqui no Brasil a campanha "100 poetas contra a guerra [Brasil]", para poesias de língua portuguesa, estendendo a idéia original do canadense Todd Swift.
Quem quiser fazer sua contribuição e/ou saber mais a esse respeito (depois eu vou colocar um bannerzinho aí do lado), pode escrever para hiperfocus@yahoo.com.br.
Ah! ele está esperando os poemas de todo mundo. A "largada" é amanhã, e ele coletará os poemas até o dia 15 de fevereiro. Participem!
Sempre que está essa temperatura tailandesa, vietnamita, cambodjana por aqui, eu lembro da letra de Joana Francesa, do Chico Buarque... que eu vou tentar encontrar... um minutinho...
Tu ris, tu mens trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dançar dans mes bras
Vem, moleque me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise
Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Tu ris, tu mens trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dançar dans mes bras
Vem, moleque me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise
Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
vendredi, février 07, 2003
21 e tantas - Tá um cheiro de chuva no ar, mas ainda não começaram as gotas. Tá um gosto de prazer na noite, mas a cerveja ainda não chegou, os telefonemas ainda não foram feitos, tudo aguarda o convite.
Meus sonhos impalpáveis andam meio abandonados, admito. Acabo me esquecendo do que sonhei antes mesmo de anotar. Mas, ao me lembrar vagamente de coisas que nunca poderia ter feito na real - como andar de patins, deduzo que foi então um sonho. Pois é, sonhei que estava andando de patins. O "estar andando" me remeteu ao episódio de hoje, do gênero "afronta à língua portuguesa". Acho bem empregado o nome de "síndrome do telemarketing" à maldita onda de gerundismo que assola as falas e até as escritas informativas de ultimamente. Hoje liguei para uma central de currículos onde sou cadastrada, e a atendente: "olha, eu mandei sua senha para o seu e-mail, se você não se lembrar". Eu: "tudo bem. Eu posso alterar os dados que estão lá, né"? Ela: "ah, sim, você pode estar acessando o seu cadastro para estar fazendo as alterações que você quiser". AAAAAAAAAAAAAAARRRRRGH! E nem ao buscar auxílio na hora da agonia, do calor, eu tive um alívio. No leque de papelão com que eu comecei a me abanar, o anúncio: "O balão de ar quente da MAPFRE - VERA CRUZ estará realizando vôos panorâmicos neste verão". Eu não mereço. Ninguém merece.
Mas para me dar prazer nessa noite em que a cerveja não veio, ou melhor, em que eu não fui até a ela, ouço Miles Davis e escrevo e escrevo. E bebo água.
Meus sonhos impalpáveis andam meio abandonados, admito. Acabo me esquecendo do que sonhei antes mesmo de anotar. Mas, ao me lembrar vagamente de coisas que nunca poderia ter feito na real - como andar de patins, deduzo que foi então um sonho. Pois é, sonhei que estava andando de patins. O "estar andando" me remeteu ao episódio de hoje, do gênero "afronta à língua portuguesa". Acho bem empregado o nome de "síndrome do telemarketing" à maldita onda de gerundismo que assola as falas e até as escritas informativas de ultimamente. Hoje liguei para uma central de currículos onde sou cadastrada, e a atendente: "olha, eu mandei sua senha para o seu e-mail, se você não se lembrar". Eu: "tudo bem. Eu posso alterar os dados que estão lá, né"? Ela: "ah, sim, você pode estar acessando o seu cadastro para estar fazendo as alterações que você quiser". AAAAAAAAAAAAAAARRRRRGH! E nem ao buscar auxílio na hora da agonia, do calor, eu tive um alívio. No leque de papelão com que eu comecei a me abanar, o anúncio: "O balão de ar quente da MAPFRE - VERA CRUZ estará realizando vôos panorâmicos neste verão". Eu não mereço. Ninguém merece.
Mas para me dar prazer nessa noite em que a cerveja não veio, ou melhor, em que eu não fui até a ela, ouço Miles Davis e escrevo e escrevo. E bebo água.
Eu e meus posts tardios e sonolentos. Andava trocando a noite pelo dia mas foi por um bom motivo. Estava aprendendo a mexer no template dessa geringonça...rs. Mas deu certo. Deu tão certo que fiz até um blog para o meu amicíssimo Alex, que nesse momento, está curtindo e estudando em Londres. Meu amigo de faculdade, que sempre é muito mais do que qualquer um pode esperar dele, pois ele é sempre surpreendente. Ele, por estar em Londres, eu por estar sem grana, não assistiremos à colação da nossa turma, e nem iremos ao baile. É uma tristeza inenarrável, pra mim. Mas enfim... todos se divertirão e eu tenho certeza de que será bom de qualquer jeito.
Que mais? Essa noite senti muita muita saudade do meu falecido pai. Derramei algumas lágrimas que não sei se estavam relutantes, ou se apenas não era o momento. Não sei. Mas saíram sem esforço e também sem dor. Apenas saudade, como tantas que derramei por tantas fontes de nostalgia. Ainda bem que pude receber um colinho providencial.
Casamento de F. no sábado. Dessa vez eu vou me jogar em cima do buquê. A louca...
Que mais? Essa noite senti muita muita saudade do meu falecido pai. Derramei algumas lágrimas que não sei se estavam relutantes, ou se apenas não era o momento. Não sei. Mas saíram sem esforço e também sem dor. Apenas saudade, como tantas que derramei por tantas fontes de nostalgia. Ainda bem que pude receber um colinho providencial.
Casamento de F. no sábado. Dessa vez eu vou me jogar em cima do buquê. A louca...
jeudi, février 06, 2003
mardi, février 04, 2003
Portishead:
It's only you
who can tell me apart
and it's only you
who can turn my wooden heart
Mamã voltou de SP, com suas constantes contradições. Cachola minha, que na verdade é uma caçarola com uma sopa fervente e grossa, chamada consciência. Nunca esfria, nunca fica rala, e é tomada a colheradas generosas, sem soprar antes, sem esfriar, queimando a língua e a deixando áspera. Consciência espessa que luta contra vícios emocionais e quase sempre engloba tudo e deixa a fervura curtir ainda mais tudo o que está lá dentro. Sopa amarga, essa.
It's only you
who can tell me apart
and it's only you
who can turn my wooden heart
Mamã voltou de SP, com suas constantes contradições. Cachola minha, que na verdade é uma caçarola com uma sopa fervente e grossa, chamada consciência. Nunca esfria, nunca fica rala, e é tomada a colheradas generosas, sem soprar antes, sem esfriar, queimando a língua e a deixando áspera. Consciência espessa que luta contra vícios emocionais e quase sempre engloba tudo e deixa a fervura curtir ainda mais tudo o que está lá dentro. Sopa amarga, essa.
Olha a hora tardia...
Tardia ou... cedo demais. Meu ponto de vista, infelizmente, é o de quem ainda não foi dormir. Minha gripe e minha voz melhoraram. Não estou muito segura, mas creio que na quarta eu poderei cantar, e quem tiver de me assistir, assistirá. Fiquei com vontade de não ir ao ensaio, mas valeu a pena pela massagem que a regente me fez nas costas, estava precisando.
E férias sempre acabam. Acabaram as de alguém que voltou pra me alegrar, apesar das complicações.
Que mais? Nem sei o que dizer, como quase sempre, já que aqui estou quase capotando. Ah! Tenho um casamento no sábado. O de F., minha amiga de escola, primeira delas, da minha panelinha do colegial, que se casa do jeito tradicional. O que prova que, ou estou ficando velha, ou solteirona. Talvez os dois? Nem tanto, pois é só em abril que vou ganhar meu primeiro pote de Renew, da Avon. Ulalá...
Tardia ou... cedo demais. Meu ponto de vista, infelizmente, é o de quem ainda não foi dormir. Minha gripe e minha voz melhoraram. Não estou muito segura, mas creio que na quarta eu poderei cantar, e quem tiver de me assistir, assistirá. Fiquei com vontade de não ir ao ensaio, mas valeu a pena pela massagem que a regente me fez nas costas, estava precisando.
E férias sempre acabam. Acabaram as de alguém que voltou pra me alegrar, apesar das complicações.
Que mais? Nem sei o que dizer, como quase sempre, já que aqui estou quase capotando. Ah! Tenho um casamento no sábado. O de F., minha amiga de escola, primeira delas, da minha panelinha do colegial, que se casa do jeito tradicional. O que prova que, ou estou ficando velha, ou solteirona. Talvez os dois? Nem tanto, pois é só em abril que vou ganhar meu primeiro pote de Renew, da Avon. Ulalá...
lundi, février 03, 2003
Só os sonhos, agora: estes me pareceram significativos. Sonhei com gente me acuando e expressando sua condição de vítima, enquanto eu, como sempre, com meu discurso conciliador. Nos sonhos, a gente percebe o quanto nosso próprio comportamento pode ser ridículo.
Mas também sonhei com meu pai, que estava em casa, vistoso e animado como ele era antes das pontes de safena, e nos trouxe caixas com coisas coloridas dentro: brinquedinhos, balões de festa, lantejoulas e afins. Sonhar com meu pai é experimentar uma intensa alegria que agora se equipara a de sonhar que estou grávida. Mesmo, até nos sonhos, sabendo que ele está morto. Na verdade, sempre me pergunto o que ele está fazendo ali, que não está longe e inacessível. Mas é sempre ele que nos acessa, não o contrário.
Estou gripada. Acho que não vou cantar na quarta. :-/
Mas também sonhei com meu pai, que estava em casa, vistoso e animado como ele era antes das pontes de safena, e nos trouxe caixas com coisas coloridas dentro: brinquedinhos, balões de festa, lantejoulas e afins. Sonhar com meu pai é experimentar uma intensa alegria que agora se equipara a de sonhar que estou grávida. Mesmo, até nos sonhos, sabendo que ele está morto. Na verdade, sempre me pergunto o que ele está fazendo ali, que não está longe e inacessível. Mas é sempre ele que nos acessa, não o contrário.
Estou gripada. Acho que não vou cantar na quarta. :-/
dimanche, février 02, 2003
Ah! Finalmente. Graças à ajuda do Flávio, que me apresentou esse programinha batata chamado W.Bloggar ("O W.BLOGGAR MUDOU A MINHA VIDA!!"), consegui finalmente realizar a sonhada façanha de montar o Sem Bússola aqui, sem arrancar os cabelos com o HTML... até aprendi umas coisinhas novas e úteis... ai, ai... já era hora, que eu me achava (e ainda acho) medíocre nesse negócio...
Bom, outra coisa que soube através de seu blog, o Hiperfocus, é sobre a campanha que o canadense Todd Swift começou contra a guerra. Ele conseguiu, em uma semana, juntar 400 poemas em língua inglesa, de poetas do mundo todo. O resultado foi esse. Quem quiser obter mais informações, clique aqui.
Bom, outra coisa que soube através de seu blog, o Hiperfocus, é sobre a campanha que o canadense Todd Swift começou contra a guerra. Ele conseguiu, em uma semana, juntar 400 poemas em língua inglesa, de poetas do mundo todo. O resultado foi esse. Quem quiser obter mais informações, clique aqui.
vendredi, janvier 31, 2003
Bom... antes de assumir que meu blog será aqui e sempre aqui, quero mudar o template, e colocar todos os links, deixar com quase a mesma aparência que ele tinha no weblogger... por enquanto, estou ainda no Sem Bússola do Uóblogger...
eu mesma
não passo de uma pessoa apenas
e apenas quero ser uma pessoa sensata
mesmo com as trapaças das outras pessoas
ora,
eu mesma
me passo pra trás
Martha Medeiros, Poesia Reunida, L&PM editores
Estou poética. Melancólica e monstruosamente poética. Parafraseantemente (neologismo torpe) poética. A vida existe para ser reinventada. É o que tento, mas tem horas em que nos é exigido mais do que mera metaforização. Tem horas em que a violência é crua, é mais do que fruto criativo, é realidade mais que palpável, ainda que presente só nos olhos e nos atos das pessoas.
**********************
Bem. Agora faço propaganda do Cápsula. Vão lá. O Cápsula é um e-zine que estreará em uns 15 dias (ou menos, ou mais), e para ser lido, precisa ser assinado gratuitamente, para ser recebido nos seus e-mails. O Cápsula será quinzenal, e não tem formato. Escreve-se sobre o que se quer e como se quer, inclusive aceitando livres constribuições textuais dos leitores. Que mais? Quem quiser dar uma olhadinha, vá em www.capsulazine.kit.net. :-)
**********************
O Weblogger boicota a todos que têm urgência em escrever. Enfim. Não posso fazer nada. Escrevo independente de minhas possibilidades técnicas. Sonhei com beijos suaves. Há ocasiões em que odeio meus sonhos, e esta foi uma delas.
Não pára de chover há dias e dias. Hoje, se o dilúvio não me levar para cumprimentar Noé, vou assistir a Madame Satã no Posto 4.
A boa notícia é que minhas férias do coral acabaram, e fui quase que oficialmente admitida para o posto de mezzo-soprano, que é realmente o meu naipe, e o naipe no qual me encaixo melhor. Já na semana que vem temos uma apresentação, que será marcada por vários cantos indígenas. O que eu mais gosto é "Koi Tchangaré", que parece uma dança dos mortos vivos, mas na verdade é uma celebração antropofágica. Deveríamos, segundo a ótica de Zé Celso, estarmos todos nus, mas realmente vamos com nossas roupas de algodão cru, o que me alivia. Essa é minha segunda apresentação com o coro, primeira desde que meu pai morreu, ele que estava presente na primeira, e foi a última vez que eu o vi. Última e definitiva. Onde estarei daqui a seis meses?
**********************
E voltei a "De profundis". Bom, como sei que tenho citado bastante Martha Medeiros, e tal... corro o risco de soar muito "copy&paste", mas coloco o trecho da carta de Wilde a Alfred Douglas que mais me impressionou até agora:
"Por trás da alegria e do riso pode esconder-se um temperamento grosseiro, áspero e insensível. Mas por trás do sofrimento há sempre mais sofrimento. Diferente do prazer, a dor não usa máscara".
**********************
Ainda amargando essa nova e longuíssima ausência do uóblogger, o que certamente fará com que milhares de usuários que têm um pouco mais de paciência que eu migrem para o blogger.com.br e o blogspot, "posto" no meu ostracismo involuntário.
Por falta do que fazer, resolvi imitar a moça do despalavra, que imitou outra de outro blog do qual não lembro, para criar uma pequena lista (inútil, talvez) de "eu já":
Eu já fui assaltada duas vezes
Eu já assisti a um show de um ex-beatle (mesmo que tenha sido do Ringo)
Eu já tive uma despedida cinematográfica em uma estação de trem
Eu já fiz pedidos a uma estrela cadente
Eu já sonhei que beijava o Marlon Brando quando jovem
Eu já fui acusada de coisas que não fiz
Eu já acusei pessoas de coisas que não fizeram
Eu já tomei porre de Gold Strike
Eu já pintei um quadro
Eu já fumei haxixe
Eu já amei obsessivamente
Eu já colhi o que plantei
Eu já usei botas ortopédicas
Eu já viajei mais de 1000km por um beijo
Eu já cruzei o oceano para concretizar uma amizade
Eu já fugi de barata voadora
Eu já quebrei os dentes da frente
Eu já vi o enterro de um dos meus pais
Eu já fugi de responsabilidades
Eu já senti nos ombros o peso do mundo
Eu já fiz sexo com meninas (com meninos também)
Eu já chorei só pela beleza de uma música, ainda que ela não me trouxesse lembranças
Eu já chorei na frente de uma escultura do Rodin
Eu já pedi pra ficarem comigo
Eu já disse a alguém que não o amava
Eu já levei um tapa cinematográfico na cara
Eu já assisti a um show de sexo explícito
Eu já fui demitida
Eu já tive um tumor benigno
Eu já tive um apêndice
Eu já li Rimbaud em francês e Yeats em inglês.
Eu já vi o Canal da Mancha por cima
Eu já dormi mais de 24 horas
Eu já escrevi uma lista de "eu já".
não passo de uma pessoa apenas
e apenas quero ser uma pessoa sensata
mesmo com as trapaças das outras pessoas
ora,
eu mesma
me passo pra trás
Martha Medeiros, Poesia Reunida, L&PM editores
Estou poética. Melancólica e monstruosamente poética. Parafraseantemente (neologismo torpe) poética. A vida existe para ser reinventada. É o que tento, mas tem horas em que nos é exigido mais do que mera metaforização. Tem horas em que a violência é crua, é mais do que fruto criativo, é realidade mais que palpável, ainda que presente só nos olhos e nos atos das pessoas.
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Bem. Agora faço propaganda do Cápsula. Vão lá. O Cápsula é um e-zine que estreará em uns 15 dias (ou menos, ou mais), e para ser lido, precisa ser assinado gratuitamente, para ser recebido nos seus e-mails. O Cápsula será quinzenal, e não tem formato. Escreve-se sobre o que se quer e como se quer, inclusive aceitando livres constribuições textuais dos leitores. Que mais? Quem quiser dar uma olhadinha, vá em www.capsulazine.kit.net. :-)
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O Weblogger boicota a todos que têm urgência em escrever. Enfim. Não posso fazer nada. Escrevo independente de minhas possibilidades técnicas. Sonhei com beijos suaves. Há ocasiões em que odeio meus sonhos, e esta foi uma delas.
Não pára de chover há dias e dias. Hoje, se o dilúvio não me levar para cumprimentar Noé, vou assistir a Madame Satã no Posto 4.
A boa notícia é que minhas férias do coral acabaram, e fui quase que oficialmente admitida para o posto de mezzo-soprano, que é realmente o meu naipe, e o naipe no qual me encaixo melhor. Já na semana que vem temos uma apresentação, que será marcada por vários cantos indígenas. O que eu mais gosto é "Koi Tchangaré", que parece uma dança dos mortos vivos, mas na verdade é uma celebração antropofágica. Deveríamos, segundo a ótica de Zé Celso, estarmos todos nus, mas realmente vamos com nossas roupas de algodão cru, o que me alivia. Essa é minha segunda apresentação com o coro, primeira desde que meu pai morreu, ele que estava presente na primeira, e foi a última vez que eu o vi. Última e definitiva. Onde estarei daqui a seis meses?
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E voltei a "De profundis". Bom, como sei que tenho citado bastante Martha Medeiros, e tal... corro o risco de soar muito "copy&paste", mas coloco o trecho da carta de Wilde a Alfred Douglas que mais me impressionou até agora:
"Por trás da alegria e do riso pode esconder-se um temperamento grosseiro, áspero e insensível. Mas por trás do sofrimento há sempre mais sofrimento. Diferente do prazer, a dor não usa máscara".
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Ainda amargando essa nova e longuíssima ausência do uóblogger, o que certamente fará com que milhares de usuários que têm um pouco mais de paciência que eu migrem para o blogger.com.br e o blogspot, "posto" no meu ostracismo involuntário.
Por falta do que fazer, resolvi imitar a moça do despalavra, que imitou outra de outro blog do qual não lembro, para criar uma pequena lista (inútil, talvez) de "eu já":
Eu já fui assaltada duas vezes
Eu já assisti a um show de um ex-beatle (mesmo que tenha sido do Ringo)
Eu já tive uma despedida cinematográfica em uma estação de trem
Eu já fiz pedidos a uma estrela cadente
Eu já sonhei que beijava o Marlon Brando quando jovem
Eu já fui acusada de coisas que não fiz
Eu já acusei pessoas de coisas que não fizeram
Eu já tomei porre de Gold Strike
Eu já pintei um quadro
Eu já fumei haxixe
Eu já amei obsessivamente
Eu já colhi o que plantei
Eu já usei botas ortopédicas
Eu já viajei mais de 1000km por um beijo
Eu já cruzei o oceano para concretizar uma amizade
Eu já fugi de barata voadora
Eu já quebrei os dentes da frente
Eu já vi o enterro de um dos meus pais
Eu já fugi de responsabilidades
Eu já senti nos ombros o peso do mundo
Eu já fiz sexo com meninas (com meninos também)
Eu já chorei só pela beleza de uma música, ainda que ela não me trouxesse lembranças
Eu já chorei na frente de uma escultura do Rodin
Eu já pedi pra ficarem comigo
Eu já disse a alguém que não o amava
Eu já levei um tapa cinematográfico na cara
Eu já assisti a um show de sexo explícito
Eu já fui demitida
Eu já tive um tumor benigno
Eu já tive um apêndice
Eu já li Rimbaud em francês e Yeats em inglês.
Eu já vi o Canal da Mancha por cima
Eu já dormi mais de 24 horas
Eu já escrevi uma lista de "eu já".
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